quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

CR - 3 Anos Depois...

Como sabem, não são 3 anos de actividade regular. Mas contando que nunca deixei de continuar a expandir o Guia de Hip Hop na Internet, vamos fingir que sim. De qualquer modo, tanto me faz.

No fim deste post estão os links para dois dos quatro posts que tinha ficado de pôr no já longe mês de Dezembro de 2007. Um deles é o post “CR – 1 Ano Depois…” onde se encontram todos os agradecimentos às pessoas que me ajudaram/apoiaram no desenvolvimento do blog e os problemas todos que surgiram pelo caminho. De realçar que ambos foram escritos no mês em que foram postados, com excepção de certos pormenores. O post do 1 Ano, por exemplo, até foi planeado com bastante antecedência. Já os dois posts que faltam, ainda não só está feito metade do trabalho. Decidi que dado que uma parte considerável só vai ser escrita em breve, os colocarei online como posts do próximo mês, por uma questão de honestidade.

Agora vou imitar os senhores do blog Primouz, e dar os meus parabéns ao Druco e Sempei do blog HIPHOPulsação que fizeram acelerar a batida aqui na blogosfera. Tal como disse logo num dos meus primeiros comentários lá no blog, gosto da mistura que fazem entre notícias, comentários sobre algum álbum/música/videoclip e textos mais desenvolvidos sobre a história de algum artista ou algum assunto ligado à cultura. Para além disso, devo acrescentar algo que não podia observar na altura, é que é um blog que é constantemente actualizado, o que dá bastante trabalho, e por isso ainda fico mais impressionado.

Quanto ao blog do Madkutz, nem vale a pena eu dizer nada, já é um veterano da blogosfera. Mas obrigado pelo excelente serviço, já agora. Continua bastante inovativo e com a vantagem de ele conseguir entrar em contacto com montes de artistas.

Para se entreterem, e caso não costumem visitar o blog do Rui Miguel Abreu, (que agora passou para site) ou então só para relembrar o que está para vir:
Entrevista do Gil-Scott Heron (Parte 1)
Entrevista do Gil-Scott Heron (Parte 2)

Finalmente, aqui ficam os dois posts:
Polémica - Portugueses a Cantar em Inglês? (1 de 2)
CR - 1 Ano Depois...

Fiquem bem!

domingo, 22 de novembro de 2009

Eventos

No dia 31 de Outubro houve um concerto no Coliseu do Porto que certamente vai ficar para a memória: reuniram-se o José Mário Branco, Sérgio Godinho e o Fausto. O concerto foi muito bom, o público já conhecia as músicas todas, como é óbvio. Só tenho a apontar um defeito: o som podia estar melhor ajustado, não se ouvia muito bem as vozes. Ainda assim, valeu a pena.

No dia 2 de Outubro estiveram cá (em Braga) os OqueStrada, no Theatro Circo. São um grupo de música essencialmente popular, misturado com fado e um pouco de outros géneros. São músicos com muita experiência em lidar com o público, de maneira que nota-se que têm bastante à-vontade em cima do palco. Tocaram músicas do seu único álbum, Tasca Beat (sim, isso mesmo), que, como está escrito no livreto que acompanha, «não foi um objectivo mas sim uma consequência de 7 anos d'Strada».

No dia 20 de Novembro (anteontem), fui ver um concerto da espantosa diva do jazz, Cassandra Wilson, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. Todos os músicos da banda são excelentes, mas gostava de salientar neste concerto as performances de Marvin Sewell (guitarrista) e de Herlin Riley (baixista), que deram um autêntico show. Este concerto faz parte do excelente festival GuimarãesJazz.

Nota para aqueles que não percebem muito de jazz:
tanto a Cassandra Wilson como o Steve Coleman (que tocou na CCVF o ano passado) participaram em diversos álbuns dos The Roots.

Há que admitir: em termos de festivais de jazz, o Minho está na linha de frente em Portugal, com o GuimarãesJazz e o BragaJazz. De qualquer modo, o CCVF tem uma boa programação, à qual vale a pena estar atento (se se estiver disposto a ir lá para ver um concerto). Braga é que é uma grande merda em termos de cultura, muito por culpa da Câmara Municipal.

domingo, 19 de julho de 2009

Surpresas

Já me aconteceu montes de vezes ter demasiadas expectativas (mais comum) ou esperar menos do que aquilo que afinal encontro (menos comum).

Quanto ao primeiro, vou dar este exemplo: quando estava tudo à espera do Suspeitos do Costume dos Mind Da Gap e saíram cá para fora os singles, eu fiquei de boca aberta (mas porque tive uma surpresa negativa). Os Mind Da Gap são daqueles grupos que não seguem propriamente um caminho específico (embora o som seja facilmente identificável). Todos os álbuns eles mudam um bocado (talvez menos nos primeiros dois), trocam algumas características por outras, o que os torna sem dúvida mais inovadores. Por isso, cada álbum é uma nova experiência: às vezes corre bem, outras vezes corre mal.

No caso do Suspeitos do Costume não achei que o álbum inteiro fosse mau, mas quando ouvi as músicas “Socializar Por Aí” e “Bazamos ou Ficamos?” torci o nariz. Não era o que estava à espera, e durante algum tempo perguntei-me se aquela sonoridade faria parte do álbum todo, e se se manteria esse registo daí em diante no percurso dos MDG. Felizmente, não aconteceu nem uma coisa nem outra, e há faixas de que gosto muito nesse álbum.

Entretanto, como dizia num comentário que fiz à pouco tempo no HIPHOPulsação, já “fiz as pazes” com essas músicas. Não são músicas que me marquem, mas também já não desgosto. Uma característica que se percebe nos MDG, e que está presente nessas duas faixas, é o humor. Eu torci o nariz ao princípio, porque também não percebi que essas músicas deviam ser recebidas com humor, porque as próprias letras são a gozar (e uma crítica intrínseca na “Socializar Por Aí”).

Agora o contrário: um álbum de que não esperava muito e que acabou por se revelar bastante bom, na minha opinião. Quando ouvi os singles do Graduation do Kanye West, gostei, mas achei um bocado pop demais. O Kanye West é um excelente produtor, sem dúvida daqueles que estão sempre na vanguarda, e como MC também tem as suas virtudes, embora esteja longe de ser dos meus preferidos. É um MC que consegue pôr nas letras emoções muito fortes, e como também canta bem, consegue intensificá-las ainda mais.

Mas não esperava que o álbum fosse o que fosse. Enfim, como rap acima de tudo é música, o álbum até seria bom, mas teria defeitos no conteúdo. Bom, acabou por se revelar que sim, tem os seus defeitos, mas muito menos do que se esperava. À parte aquele ambiente robótico do “Stronger”, Graduation é um álbum bastante humano, e o Kanye West não tem problemas nenhuns em desabafar sobre os mais variados temas. A nível da produção, onde eu tinha mais expectativas, as músicas conseguiram ainda assim surpreender-me.

Já sei que já toda a gente “bateu” o mais que pôde naquele vídeo em que o KRS-One compara o 50 Cent com o Kanye West, mas há uma crítica que ele faz que não foi muito falada, e que também acho errada: o KRS-One fala da viragem do West para o pop com uma “degeneração”, como se isso o tornasse menos real. Ora, eu também teria gostado mais que o Kanye West tivesse inovado sem se aproximar muito desse género, mas acho que é preciso ser-se um bocado preconceituoso para fazer uma insinuação destas. O rap sempre se misturou com outros tipos de música, é uma forma de se regenerar, não o contrário. Talvez até seja a resposta certa a esta treta do “Hip Hop is dead”.

Ainda não ouvi o último álbum dele, o 808s & Heartbreak, mas já ouvi os singles e li alguns artigos sobre ele. O Kanye West continuou a caminhar para o pop, mas parece que ganhou um gosto um bocado “dark” (quase como se antevisse a morte da mãe). Esta característica também me agrada, e pode ser a chave para diferenciar a jornada do Kanye West pelo mundo da pop das experiências anteriores de fusão entre os dois géneros.

Mais recentemente, também tive outra experiência decepcionante. Vi o videoclip da música “In My Sleep” do Joe Budden, e achei uma das melhores story tellings que já tinha ouvido. Ficou-me na cabeça durante montes de tempo. Identifiquei-me mesmo com a letra. Quem ouvir o instrumental nem acredita que uma música tão complexa tenha por base um beat tão simples (digo eu). Li a crítica que a Nicolau fez ao álbum, mas como ela não disse nem que era muito mau, nem que era muito bom, não perdi as expectativas. E quando ouvi o Padded Room… Há que dizer que também tem outras faixas boas para além da “In My Sleep”, mas as más, são mesmo más. Aliás, a segunda faixa, “The Future”, jurei que nunca mais a vou ouvir. Sempre que quiser ouvir o álbum de novo, vou passar aquela faixa à frente. Entrou no meu top de “músicas de merda”. Se enquanto eu só conhecia a “In My Sleep” me tivessem mostrado o refrão da “The Future” e me tivessem dito que aquilo pertencia a uma música de Joe Budden, eu não teria acreditado. Parece mesmo saído daquelas compilações Dance qualquer-coisa 2009 ou uma merda do género.

Comentem, e falem das surpresas que vocês próprios tiveram.

sábado, 18 de julho de 2009

CR - Novidades & Outras Coisas

Decidi acabar com o anexo “Thoughts of a Madman”. Já tenho poucos leitores num blog, quanto mais agora ter dois. Por isso, qualquer actualização relativamente a esse assunto, estará no blog do Myspace. Não se preocupem, que para já não haverá motivo para passar lá muitas vezes.

Assuntos que não tenham directamente a ver com Hip Hop, passo a postá-los aqui também e fica o assunto resolvido. Quem não quiser saber, pode passar à frente. O Guia de Hip Hop na Internet continua, naturalmente, em permanente actualização. Qualquer link que queiram, é só passar lá.

Fica aqui registado o novo tipo de post chamado “Eventos” onde falarei de esses mesmo, tenham eles já passado ou estejam para se realizar. Não farei crónicas de eventos, porque nunca fiz e sinceramente não sei se tenho jeito, mas farei um breve comentário, qualquer coisa do género.
Agora passo às outras coisas.

Há algum tempo atrás a Nicolau falou de um grupo chamado Common Market. Eles lançaram um EP chamado “The Winter’s End” agora em 2009. Vale a pena ouvir.

Já agora, tudo o que disse que estava para breve (música minha no Myspace, posts que faltam em Dezembro de 2007, etc.) continua para breve. Só para ficarem esclarecidos.

Também andava na Net à procura de não-sei-o-quê e acabei por “arranjar” a banda sonora de um dos desenhos animados com realidade à mistura (ou seja lá o que lhe for que lhe chamam) mais fixes que eu alguma vez tive oportunidade de ver quando era puto: meus senhores, falo do SPACE JAM! Quem é que não se lembra?! É um dos desenhos animados que eu tenho em cassete (ou tinha, se calhar já foi para o lixo, depois de ver tantas vezes). E sabem qual foi a música que trouxe logo memórias do filme à cabeça? “I Believe I Can Fly” do R. Kelly. Quando ouvi isso, lembrei-me logo do “puto Michael Jordan” a marcar uns cestos no pátio da casa. Eu nem sou grande apreciador de pop, mas há que admitir que a música até é bem porreira. Tem uma mensagem muito positiva estilo “Imagine” do John Lennon e afinal, “I Believe I Can Fly” também deve ser dos versos de refrão mais memorizados pelas pessoas, a par do “I’m like a sex machine!” do James Brown. Também tem outra faixa muita boa, chamada “Space Jam”, dos Quad City DJ’s, que é a do genérico inicial, com um “cheirinho” a Old School.

Eu só me lembro destas duas músicas, mas é engraçado que também há uma música chamada “Hit 'Em High” que conta com a participação de B-Real, Coolio, Method Man, LL Cool J e Busta Rhymes, o que é engraçado, porque eu obviamente nessa altura ainda não sabia o que era hip hop (esses filme de animação apareceu em 1996). Outras participações de referir são as de Jay-Z, Biz Markie e Chris Rock (WTF?!). A última faixa conta com as vozes das personagens Bugs Bunny, Daffy Duck e Elmer Fudd (para quem não sabe, era o caçador que andava sempre atrás do Bugs Bunny). Esta música é particularmente engraçada porque eu não reconheço as vozes, já que a minha cassete continha o filme dobrado em português, e todos os desenhos animados que eu vi no Bugs Bunny também eram dobrados em português (em alguns casos, pior: brasileiro).

Felizmente, há que dizer que nessa altura as vozes eram bem melhores do que agora, em que os desenhos animados que fazem para os putos têm sempre os mesmos gajos. É um bocado esquisito ver uma personagem com uma voz igual à do protagonista do desenho animado anterior. Enfim, talvez seja por isso que os putos estão cada vez mais estúp… *cof cof*.

E finalmente, para acabar em grande: andava eu há uns dias a procurar um CD nos muitos de que o meu pai é o principal responsável (significando isso que não pertencem à minha colecção pessoal) quando deparo com um CD tão velho e que já não via há tanto tempo que já tinha uma camada de pó por cima da caixa.

Depois de dar uma vista de olhos (há que admitir que, apesar de tudo, mesmo na infância, duvido que tenha ouvido aquilo muitas vezes), encontrei uma faixa que me despertou o interesse. Isto é verdadeiro rap directamente da street, mais puro que muitos desses gajos que andam praí, e de uma compilação que foi lançada dois anos depois do Rapública. Depois de muito tempo a arranjar maneira de fazer upload, porque o imeem.com estava a ranhosar, é com imenso prazer que vos deixo aqui o link (se o streaming não der, como é o meu caso, podem fazer download). Desfrutem!

PS: Também estive para pôr outra faixa que se chama “Rap Trânsito”, mas achei que já era abusar da vossa paciência.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Eventos

Este post já foi postado no anexo “Thoughts of a Madman” mas por um motivo que irei explicar no próximo post vai ser postado aqui de novo. Para quem já o leu, há uma pequena actualização no final.
Estou numa fase um bocado complicada mas está quase a acabar. Prometo posts de jeito em breve, e não esqueci os que tenho em atraso. Fiquem bem.

Nos últimos tempos, tem havido diversas actividades culturais em Braga dignas de serem referidas e, dado que isso é uma raridade, eu vou passar a falar delas aqui sempre que puder.

Primeiro, as que já passaram. Houve dois festivais bastante bons de Jazz aqui no Minho, o GuimarãesJazz (Novembro 2008) e o BragaJazz (Março 2009). Do primeiro festival, que decorreu no Centro Cultural de Vila Flor, ou seja, em terra de espanhóis ou como costumam dizer, no berço da nação (há quem também lhe dê outro nome, como é que é… começa por G), fui ver os concertos de Steve Coleman and Five Elements, Marcus Strickland Quintet e a Metropole Orchestra (direcção de Vince Mendoza). Se não souberem relacionar com mais nada, ficam a saber que o Steve Coleman participou em vários dos álbuns dos The Roots. E o Marcus Strickland, naquele concerto, trazia vestido uma T-shirt dos A Tribe Called Quest (nada me escapa!). Os três concertos, todos excelentes. Do segundo festival, no Theatro Circo, só vi o concerto dos Dual Identity. Quem me conhecer, perguntar-se-á como é que as minhas poupanças dão para isto tudo. Bom, uma coisa que eu gosto destes concertos de Jazz, é que é sempre o meu pai que me vem perguntar se eu quero ir, o que quer dizer que é ele que paga lol.

Continuando, houve alguns showcases na FNAC: o Berna foi lá no dia 4 de Abril e a galega Wöyza foi lá no dia 11. Infelizmente, não pude ir a nenhum deles.

Mas ainda há mais: o Ace veio cá no dia 13 de Março apresentar a sua colecção de bonés e sapatilhas, intitulada “Creative Monstah” na loja Skills (para que não conhece, como eu antes deste evento, é na Rua Santa Margarida nº155, lá para o fundo). Sinceramente, de todas as formas que a indústria achou para rentabilizar o hip hop, a chamada street wear é das que menos gosto. Não que não goste da roupa, só que dar mais que vinte euros por umas sapatilhas não é o meu estilo. Com isto, não estou a falar das cenas do Ace, obviamente, porque aquilo estava muito bom, e valia a pena comprar, por um preço bem menos que metade do que o de muitas outras que existiam na loja. É bom ficar a conhecer a criatividade de um artista aplicada noutra “plataforma”. De notar que soube destes três últimos eventos relacionados com Hip Hop a partir da agenda do H2Tuga.

Outros concertos que assisti recentemente: Os Corvos, na Casa das Artes, em Famalicão. Tiveram lá no dia 21 de Março. Não os conhecia, e fiquei bastante impressionado. É daquelas bandas que vale a pena ver ao vivo, não só pelo espectáculo mas porque interagem com o público. Ontem fui ver outro concerto, dos meus conterrâneos Mão Morta, no Parque das Exposições. Simplesmente espectacular! Louco até não poder mais. Deu até para um fã demasiado excitado subir ao palco para fazer uma espécie de pino de pernas abertas.

E agora, esperando não me estar a esquecer de nenhum concerto que tenha assistido desde o começo do ano, vou falar-vos de dois importantíssimos eventos que volta e meia me arranham este cérebro disfuncional e que se vão realizar no primeiro fim-de-semana de Maio.

Um deles, e de que tem andado toda a gente para aí a falar, é a Eurobattle, que este ano se vai realizar no Porto. O outro evento, não querendo tirar a devida importância ao primeiro, é para mim o mais prioritário, que é o espectáculo que os Last Poets vão dar na Casa da Música. Ao princípio, quando vi lá na agenda do H2Tuga, ainda pensei que fosse outro grupo com o mesmo nome, e fui ao site da Casa da Música ver a síntese que me tiraram as dúvidas. Para quem não souber quem são, vale a pena investigar. Num resumo, se o Afrika Bambaataa, o Kool Herc e o Grandmaster Flash são os principais fundadores da cultura, os Last Poets são os gajos que faziam uma “espécie de rap” numa altura em que ele não existia. O Bambaataa é da década de ’70, os Last Poets são dos atribulados finais da década de ’60. Se estão à procura de um concerto histórico… BINGO! Por isso, estou a procurar bem no porquinho mealheiro para conseguir ir aos dois, até porque os bilhetes da Eurobattle ainda são carotes (o que não quer dizer que não valha a pena), mas para já, só uma coisa é certa: no fim-de-semana de 1 a 3 de Maio, estarei no Porto, e a pelo menos um desses eventos irei de certeza.

Vocês, digam ao dealer para cancelar a subscrição, e guardem a merda do dinheiro para não ficarem em casa a ver porno quando podiam estar a ver coisas mais interessantes. Lá dizia o povo: “nem sempre nem nunca”.

EDIT: Os dois eventos de que falei em cima, o concerto dos Last Poets e a Eurobattle, foram simplesmente espectaculares. É pena só ter ido à Eurobattle no Sábado.
Aproveito para anunciar que se aproxima um concerto que também deve ser muito interessante: “Hip-Hop Sinfónico”, ou seja, Sam The Kid, Ono, NBC e New Max, em conjunto com a Orquestra Nacional do Porto (that's right!). Acreditem, de certeza que vai ser demais! Eu não posso confirmar já que vou, mas ando de olho nisso.

E assim me despeço. Mais notícias em breve. O País e o Mundo, todos os dias (que me der na tola escrever), aqui no CR.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Divulgação - Monstro Robot

Desta vez não me foi pedido para ser divulgado, mas eu divulgo à mesma.

MONSTRO ROBOT
Stray, DarkSunn e SlimCutz

Podem fazer o download em: www.myspace.com/monstrorobot
Eu já ouvi ontem à noite e está excelente... e mais não digo!

sábado, 16 de maio de 2009

Divulgação - Mixtape "BGÇ 5300 - 1ª Dose"

Finalmente foi-me enviado um pedido de divulgação. À muito que eu já me desponibilizava para o fazer mas parecia que ninguém tinha interesse nisso (realmente, olhando para este blog, quem é que quer estar conectado com ele?).
Já pensei em vir a criar um anexo (mais uma vez, a solução ideal) com objectivo específico de divulgar projectos a pedido dos responsáveis ou mesmo aqueles que me interessam e não estão suficientemente difundidos.
Esta mixtape é desde logo interessante porque vem de uma cidade que não é muito falado no contexto do Hip Hop Tuga, o que lhe dá a vantagem de ter logo uma “aura de inovação”. Ainda para mais, trazendo outras línguas e, consequentemente, outras culturas à mistura mais inovadora fica. Aqui está a press release:

Em Bragança, na “Cidade Do Pecado”, surge em formato Mixtape “BGÇ 5300 – 1ª Dose”.
MK aka Nocivo (Eskuadrão Furtivo) reuniu MC’s, um DJ, um beatboxer, uma cantora e até mesmo um locutor de uma rádio local (todos eles naturais ou habitantes em Bragança) para criar esta mixtape que se encontra disponível para download gratuito em www.myspace.com/kamaraokulta.
Inclui faixas em Português, Crioulo, Cubano, Inglês e Grego, mostrando assim a diversidade de culturas que existe pelo Nordeste Transmontano, entre eles estão incluídos RaRo e B-Fatz, ambos elementos do Eskuadrão Furtivo.
Esta é uma mixtape que foi gravada, misturada e masterizada por MK na Kâmara Okulta (K.O.).

Enviado por MK aka Nocivo
.
Parabéns a todos os participantes pelo projecto!

terça-feira, 31 de março de 2009

Novos Meios

Em Julho de 2007 escrevi um post chamado “Sem Meios Não Há Conquista”, em que falava da falta de infraestruturas que divulgassem e expandissem o Hip Hop Tuga. Exemplos: editoras maiores, estúdios, revistas, lojas, etc. Isto porque, se formos a outros países, isso já acontece, se bem que nalguns só parcialmente. Eu podia dar exemplos de países onde já existe tudo, como a França ou a Inglaterra, ou países onde se caminha para isso, como a Espanha.

Regressando ao presente, tenho estado muito contente porque em pouco tempo se ouviu falar de diversos projectos, incluídos na área dos media, que cumprem o propósito de que a cultura carecia já há algum tempo. Por isso, estava bastante satisfeito por estas boas notícias, e decidi escrever um tópico sobre o assunto. Entretanto, e para ajudar na escrita, reli o tal post “Sem Meios Não Há Conquista”. Olhando para a realidade que apresentava naquela altura, e para a que se apresenta agora, parece-me que não são muito diferentes. OK, talvez esteja a ser um bocado pessimista. A coisa melhorou, mas mais no campo dos festivais e concertos. Este ano, anda a correr bastante bem. É pena é que uma crise (se bem que não me lembro de nenhum ano em que não tivéssemos uma) se tenha metido pelo meio.

No que toca aos media, eu vou-vos ser sincero: eu não tenho TV Cabo, e quem sabe, até pode ser que nesses canais haja uma diferença significativa, mas nos quatro canais normais da caixa mágica não vejo mais projecção e interesse pelo hip hop nacional do que o que havia há pouco menos de dois anos (notem que o que descrevo nesse post já se arrastava por algum tempo).

O que faz com que pareça que agora as coisas estejam melhores, foi que, durante um tempo algures em 2008, nós estávamos praticamente sem nada. Corrijam-me se estiver errado, até porque como já disse, nos últimos dois anos estive um bocado afastado do panorama nacional, principalmente em 2008, mas acho que não havia mesmo nada. O Beatbox acabou, o Nação Hip Hop desfez-se, a Hip Hop Nation já tinha ido à vida muito antes, a IV STREET também acabou, ainda que para fortalecer um outro projecto, que aplaudo, porque basicamente deve ter sido dos que mais ajudou a animar a cena em Portugal, que é o H2Tuga.

Agora de repente aparecem um programa de rádio, o Rimas e Batidas, com o Rui Miguel Abreu (para quem não souber, é o mesmo do Nação Hip Hop) e uma revista, a Freestyle. Já li e ouvi a entrevista no programa de rádio que referi anteriormente, e parece-me que tem pernas para andar. Gosto da cena de variarem os conteúdos, tentando não “oprimir” nenhuma das vertentes da cultura.

Concluindo, o que é que variou? Há mais concertos e festivais, o que é positivo; há mais pessoas a terem projecção mediática, ainda que no geral esta não tenha aumentado.

Este post parece ser negativo na sua maior parte, mas queria com tudo isto deixar uma mensagem positiva: apoiem os projectos que existem. Comprem a revista Freestyle, ouçam os programas de rádio (destaco, para além do Rimas e Batidas na Antena 3, a ressurreição do programa Rapresentar, com novos apresentadores), façam buzz (os links estão todos no Guia de Hip Hop na Internet). E pode ser que, se aumentar a procura, aumente também a oferta, de preferência de qualidade.

sábado, 28 de março de 2009

Polémica - Tupac vs Biggie Smalls

«Biggie, remember when I used to let you sleep on the couch / and beg a bitch to let you sleep in the house»

Tupac - “Hit 'Em Up” in B-Side of How Do U Want It (1996)

Na verdade, este post deveria chamar-se West Coast vs East Coast. Mas para melhor ligá-lo com a fonte que me inspirou para escrevê-lo, deixei-o ficar assim.

Eu já escrevi aqui sobre as primeiras coisas de hip hop que ouvi: Gabriel o Pensador primeiro, Eminem, Dr. Dre e o resto do pessoal. Por causa deste último, sou um bocado suspeito para falar deste assunto. Entretanto, enveredei pelo rap tuga e levou algum tempo até ouvir West Coast de novo. Quando voltei, logo das pessoas que ouvi primeiro foi Tupac. Estão a ver onde quero chegar?

Pausa para falar do filme que me inspirou: Notorious. Há que realçar que o produtor, para fazer este filme, trabalhou com a mãe do rapper Notorious BIG, não percebi se só com ela, mas definitivamente deixou de parte algumas pessoas que talvez tivessem algo a acrescentar à história. Exemplos: Jadakiss e Charli Baltimore. Ah, e a Lil’ Kim não está satisfeita com o modo com o seu papel na história. De qualquer maneira, só queria dizer que a perspectiva pode ser um bocado fechada, ainda para mais vinda de uma pessoa que não participou de maneira muito activa na vida profissional de Christopher Wallace.

Outra coisa que notei foi que não desenvolveram muito (é essa, pelo menos, a minha opinião) o beef entre o Tupac e o Biggie Smalls. Há uma cena que, para mim, não pode ser negada: a vida do Notorious BIG não faz sentido ser contada se não se falar também do Tupac. Isto porque, não que a vida dele se limite ao maior beef da história do Hip Hop, mas porque uma parte significativa da sua participação no rap norte-americano esteve envolvida neste conflito. E mais importante do que o beef, são as consequências dele. West Coast versus East Coast, foi aí que a cena ganhou proporção. Os efeitos negativos desse beef ainda hoje estão bem presentes. Muitos rappers norte-americanos ainda confundem o que é um beef dentro do Hip Hop e um beef na vida real. Pessoas morreram por causa disso.

Pausa para falar mesmo do filme. Dado essa carência no que toca ao beef, eu percebo quais os seus motivos. A hostilidade não morreu, e qualquer cena do filme que pendesse mais para um dos lados poderia desencadear reacções agressivas e quem sabe, um boicote. Por outro lado, como nunca se soube realmente o que aconteceu, optaram por tentar falar o menos sobre isso. Mostrar o Biggie como um gajo porreiro que se meteu num mal-entendido é uma boa maneira de não provocarem estrilho. Mas alguma vez se soube se realmente o BIG não esteve envolvido no assassínio do Tupac? Não. Mais uma vez, como se basearam na perspectiva da mãe, então o Christopher está inocente.

Sem ser isso, acho que o André Silva resumiu bem o filme no Primouz. Concordo quando diz que poderiam ter dado importância a mais alguém para além destas duas estrelas, mas sabendo que é um filme biográfico, nunca dá para tudo, e o mais importante é o protagonista. O filme tem essas lacunas, mas não deixa de ser um filme que vale a pena ver, desde que se tenha sentido crítico.

É estúpido que alguém que não viva nos Estados Unidos falar deste beef como se pertencesse a algum dos “clubes”. Compreendo, embora lamente, que rappers que cresceram neste ambiente lhe dêem continuidade. Certos comportamentos tornam-se heranças.

Finalmente, se for para comparar um com o outro, a minha afinidade com o Tupac, para além do motivo irracional de o ter conhecido a música dele primeiro que a do Notorious BIG, é que sempre achei que as músicas do Tupac eram um bocado mais profundas. Ambas têm conteúdo, são interessantes, e do ponto de vista da construção das letras são muito interessantes, mas o Tupac consegue, na minha opinião, melhor que o Biggie Smalls relacionar a realidade dos ghettos com diversos factores do seu país e até globais. O Biggie Smalls foi um grande rapper, com grande flow e construção de rimas, foi um grande revolucionário, que trouxe algo de inovador e levou a cultura Hip Hop para novos picos. Mas o Tupac foi um filósofo, um homem que revolucionou não só dentro do Hip Hop mas fora dele. Quanto ao beef, restam as músicas que restam sobre isso, sendo que gosta muito de uma do Tupac.

«I'm still the thug that you love to hate»

Tupac - “Hit 'Em Up” in B-Side of How Do U Want It (1996)

terça-feira, 24 de março de 2009

Filmes

Com o aparecimento de um novo filme sobre o Biggie Smalls, intitulado Notorious, decidi fazer um post sobre filmes sobre/relacionados com hip hop. Não vi assim tantos, e até já existe uma grande variedade de filmes.

Para ajudar a escrever este post, andei a fazer umas pesquisas na Net e descobri uma lista da Wikipedia, ainda que com alguns erros (uns quantos que não acho que se incluam nesta categoria).

Para os amantes do graffiti, uma vertente que sei que não percebo muito, há dois filmes essenciais (não vi nenhum deles): Wild Style (1982) e Style Wars (1983). Quando digo que são importantes, não é só pela essência do filme, até porque, mais uma vez, não os vi, mas pela altura em que apareceram e o impacto que criaram. No início dos anos ‘80, a cultura Hip Hop estava a ganhar fama e a encontrar-se com o mainstream, e embora todas as quatro vertentes tenham tido um papel relevante nesta fase, o graffiti é de salientar: era uma fase onde já se encontravam graffitis expostos em galerias de Nova Iorque e havia pessoas que realmente tomavam esta arte de forma séria. Fica aqui um excerto sobre o Wild Style, retirado de um livro que recomendo muito:

«Perhaps the most lasting tribute to the spirit of ‘82 is the movie that Charlie Aheam, Fab 5 Freddy, and Lee Quiñones gathered to talk about in the abandoned massage parlor in Times Square, Wild Style. The movie captured the sense of discovery, the new thing in all its raw, unpolished glory.»

CHANG, Jeff, Can’t Stop, Won’t Stop: A History of Hip Hop Generation, New York, Picador, 2005

Em 1984, surgiram mais dois filmes: Breakin’ (que teve uma sequela no ano seguinte) e o famoso Beat Street, que nos mostra realmente como o Hip Hop nas suas vertentes se estava rapidamente a aliar ao mainstream. Eu não vi o Breakin’, mas vi o Beat Street e recomendo-o. É daqueles filmes que nos inspira, e não só nos dá uma boa perspectiva de como eram as cenas naquele tempo, como também consegue mostrar-nos as quatro vertentes do Hip Hop tal e qual como eram nos anos ‘80: o graffiti a sair da rua para as galerias, o breakdance a ganhar popularidade e o rap a ser cada vez mais cobiçado pela indústria. Contudo, mostra também as dificuldades e o preço a pagar por esta transformação. Mais uma vez, um excerto do mesmo livro.

«Beat Street’s dramatic thrust was fed by the main themes of Wild Style and Style Wars – the competitive drive of the culture’s devotees, the generational, racial and class tensions the culture fuelled, the perilous negotiations between uptown and downtown. The original script had been written by the highly respected Steven Hager, one of the first journalists to cover the rap and graffiti scenes for the New York Daily News and alternative papers like The Village Voice, East Village Eye and the Soho News. Hager made explicit what most other journalists had not, that the sub-cultures of b-boying, rap and graffiti were related.»

CHANG, Jeff, Can’t Stop, Won’t Stop: A History of Hip Hop Generation, New York, Picador, 2005

Surgiram depois mais filmes, como o Rappin’ ou o Krush Groove, ambos de 1985. Todos estes filmes, em conjunto, permitem perceber o quanto o Hip Hop cresceu em tão pouco tempo. Se o Hip Hop saiu do ghetto e começou a “subir a montanha” por volta de 1979, façam lá as contas: passados seis anos temos mais de seis filmes sobre a cultura, muitos deles no mesmo ano. Algo que nem hoje, com uma indústria multimilionária, se verifica. E isto falando de filmes, porque se falarmos de documentários, que também estão na lista da Wikipedia, também saíram bastantes desde há uma ou duas décadas para cá.

Mas voltando aos filmes, entretanto saíram alguns que misturavam uma ou outra das suas vertentes com outro assunto, como misturar o rap com o breakdance. Dois exemplos: Above The Rim (1994), com participação do Tupac, e Sunset Park (1996), em que aparece Fredro Starr (dos Onyx, que, já agora, lançaram um novo álbum em 2008). Também não vi nenhum destes.
Vi sim os que vou dizer a seguir: Save The Last Dance (2001), um filme que mistura o breakdance com outros tipos de dança (não é excelente, mas também não é mau) e Paid In Full (2002). Este último é uma produção da Roc-A-Fella Films (não é preciso dizer o que é), tem a participação do Cam’ron e retrata o impacto que o crack teve nos ghettos de Nova Iorque, especialmente no Harlem em que a história (baseada em factos verídicos) se passa. Não há um relacionamento directo entre este filme e o Hip Hop, mas este acaba por estar sempre como “pano de fundo”. Na verdade, o filme é bastante sobre hustlers e o drug game que decorria na altura (nos anos ‘80).

Ainda em 2002 saiu o State Property e o 8 Mile (parece que foi ontem). Pessoalmente, não acho um grande filme, até porque se centra muito no seu protagonista e faz-me lembrar a hipocrisia do Eminem. Ainda assim, sempre se aprende alguma coisa. Em 2005 apareceu o filme do 50 Cent, Get Rich or Die Tryin’, sobre a vida do rapper norte-americano.

E finalmente, apareceu o Notorious este ano, de que vou falar num próximo post, pois já vi, com uma qualidade de merda, e tem muito por onde se lhe pegue. Se houve algum filme de que não falei e que gostavam de ver aqui, lembrem-me, pois mais vale tarde do que nunca.

domingo, 1 de março de 2009

CR - Thoughts of a Madman

Desde já peço desculpa por estar a postar outro tópico destes, provavelmente já estão saturados, mas o assunto merece um post dedicado a ele.

Escrevi, no post “CR – O Regresso”, que «se me apetecer mesmo pôr um post que não está relacionado com a filosofia do CR (ex: assuntos que não tenham directamente a ver com Hip Hop), posso sempre criar um outro blog ou um anexo.» Bom, decidi fazer isso.

Ainda hesitei, porque queria associar estes textos à imagem do Madman (o meu novo nickname – explicação mais adiante), se não poderia aproveitar o blog do meu Myspace para fazê-lo. Mas não o fiz por duas razões: primeiro, porque não acho muito apelativo o interface daquilo; segundo, porque queria associar estas mensagens alternativas ao Cultura de Resistência. Por isso, decidi-me pelo anexo (que é a solução que eu arranjo para tudo o que eu quero fora do blog principal).

Até porque, se vir-mos bem, este blog chama-se “Cultura de Resistência”, mas não houve mais nenhum post dedicado ao assunto desde talvez o post “Geração TV e outros assuntos…”.
Claro que eu posso sempre defender-me, dizendo que a maioria dos posts têm sempre uma remota ligação com a filosofia. Exemplo: este post anterior sobre o machismo. É preciso ter-se cultura de resistência para se gostar de rap e não se ser influenciado pelo conteúdo machista que abunda nele. Mas nada de muito explícito.

Portanto, decidi criar este anexo, que se chamará “Thoughts of a Madman”. Falarei de assuntos ligados à Política, Filosofia, Cultura, etc. Basicamente, assuntos de que falo nas minhas rimas, assuntos que discuto com o meu pai, assuntos em que penso. Falarei também de coisas ligadas ao meu percurso enquanto… hum… vamos chamar-lhe de “compositor” e, assim o espero, futuro MC. Não sou daqueles que vou para os fóruns e ponho no nickname “MC Qualquercoisa”, mesmo como aquelas bestas que gostam de assinar com o título de Dr. ou Engenheiro. Por isso, será um blog com textos mais pessoais do que os que preenchem o “blog-mãe” do CR, mas não se assustem, não vos vou contar dos meus assaltos a bancos (oh shit, I said it!!!).

Quanto à decisão de usar o nome de “Madman” para este percurso, em vez de utilizar o habitual “estrofe”, com que escrevo o blog e até assino as minhas rimas no caderno, é que este já está muito gasto lol. Já o uso há para aí uns sete ou oito anos (ainda antes de andar a percorrer os fóruns todos). Também gostava de separar um do outro: o nome “estrofe” uso para escrever artigos e outros; o “Madman” é mais ligado à componente de (futuro) MC. A escolha do nome também têm a ver com algumas mudanças na minha maneira de escrever, um novo caminho.

Embora este seja o blog principal, o novo anexo “Thoughts of a Madman” não será menos importante. Devido ao conteúdo dos posts, bastante diferentes das do blog principal, não permitirei comentários. Caso achem que gostavam mesmo de comentar, podem fazê-lo no post mais recente do blog principal (mas expliquem a que post se referem). O primeiro post será publicado nos próximos dias.

Não deixem de checkar o meu Myspace, tem estado um bocado parado, mas ando a trabalhar para pôr coisas minhas lá em breve. O blog de lá será utilizado para informar sobre quaisquer progressos que faça enquanto Madman, como novas músicas, etc.

Outras áreas em que tenho estado a trabalhar é a da ressuscitação do tipo de post “Convidado”, que consiste em convidar alguém de fora para escrever no blog. Quanto ao resto do blá blá subscrevo o que está escrito no post anterior do tipo CR: “CR – Mais do Mesmo”.

Os mais atentos hão-de reparar que este post devia ter sido postado em Fevereiro, mas houve um atraso na construção do novo anexo, o que teve as suas consequências. No entanto, este post é como se pertencesse ao mês anterior, e terão mais três ainda em Março. Comentem e esclareçam!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O Machismo no Hip Hop

«Every black man that goes in the studio, he always got two people in his head: him, in terms of who he really is, and the thug, that he feels he has to project.»

Conrad Tillard in documentário “Hip Hop: Beyond Beats and Rhymes” (2006)


Este post é uma espécie de continuação do post “Hip Hop Feminino”. Estamos todos conscientes, e não é preciso ser um hip-hopper viciado para reparar nisso, que a cultura hip hop tem um grande ponto fraco, que é o machismo que a infecta. Na minha opinião, este é um dos seus maiores defeitos.

Este machismo é suportado principalmente pela vertente do rap, reflectindo-se depois no resto da cultura: desde os termos utilizados para se referir às mulheres até às videoclips chics. Não há dúvida aqui: é um mundo maioritariamente de/para homens.

Mas onde começou esta atitude que, à primeira vista, não seria algo que conjugasse tão bem com os princípios de união e paz que tanto se apregoa dentro deste mundo? Há quem diga que começou assim que o hip hop se associou ao mainstream. Mas eu acho que não.

Na minha opinião, e não entendam isto como uma crítica racista, o machismo vem da própria cultura afro-americana e, sendo assim, o machismo não apareceu no hip hop, mas estava lá quando o hip hop americano começou. Claro que não me refiro às festas que o Grandmaster Flash, o Afrika Bambaataa ou o Kool DJ Herc davam, mas acredito que há medida que o rap crescia e a sua forma ficando mais definida, as coisas tornaram-se mais visíveis. O rap, principalmente no início, sempre reflectiu a situação dos imigrantes africanos nos EUA (e os seus descendentes). À medida que o hip hop cresceu, o rap deixou de ser black music, como muitos ainda acreditam que é. Mas o machismo permaneceu. Não é também nenhuma novidade que há uma certa crença em algumas culturas africanas (e árabes) de que a mulher, o “sexo fraco”, é inferior ao homem. Acredito, por isso, que isto foi transportado para o hip hop, sendo mais explícito na vertente musical.

Obviamente, a indústria teve bastante interesse em explorar o estereotipo do rapper machão, num mundo onde não há mulheres, só bitches, criando assim uma série de material que transmite mensagens onde a mulher é inferiorizada, que nem vale a pena estar a exemplificar.

Claro que também não devemos desatar a apontar o dedo de cada vez que um rapper afro-americano diz bitch ou hoe. O que é preciso pensar é: aquilo poderia ser substituído por quê? Se o MC se está a referir às mulheres em geral, então o insulto é machista. Se se está a referir a uma mulher em particular, não tem necessariamente de se interpretar da mesma maneira. Lá por eu dizer que aquela gaja é uma cabra, não significa que sinta o mesmo pelo sexo feminino em geral. É só que às vezes, ela está mesmo a pedir.

Por outro lado, há que ter em conta que estamos a falar de uma cultura do ponto de vista da nossa. Na nossa cultura, ou mais propriamente na norte-americana, bitch é um insulto com grande conotação machista. Ora, às vezes, surgem exemplos de pessoas afro-americanas que usam a mesma palavra mas sem querer exprimir todo o significado que nós tiramos dela. Por exemplo: “I Love My Bitch”, do Busta Rhymes. «Grande contradição», diríamos nós. Como é que palavras como “love” e “bitch” podem estar ligadas no mesmo título? Para tirar conclusões, há que saber não só pensar por nós, mas imaginar como os outros pensam.

«I'm calling my black woman a bitch / I'm calling my peoples all kinds of thing that they're not»

Wu-Tang Clan - “Wu-Revolution” in Wu-Tang Forever (1997)

Um documentário interessante que aborda o assunto: “Hip Hop: Beyond Beats and Rhymes” de Byron Hurt.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

CR - Mais do Mesmo

Dado que o último tópico do CR anunciava o meu regresso, dispensei a treta do costume, que exponho aqui agora.
Podem consultar os anexos do CR:
- Apresentação (do blog)
- Glossário (agradece-se a quem fizer sugestões)
- Guia de Hip Hop na Internet (em actualização constante, com novos sites e blogs, nacionais e estrangeiros, novos videoclips, novos canais de vídeo, músicas para download, etc.)
NOTA: Certos links no Guia estão mortos, ainda não os apaguei porque tenho esperança de que voltem ao activo (ex: HipHopWeb).

Queria pedir a todos que deixassem uma mensagem sobre o CR no factbook, que está abandonado já há dois anos no anexo da Apresentação. A ideia é que aquilo represente o que os leitores pensam do blog. Já sabem: qualquer crítica negativa e vai tudo à navalhada (lol just kiddin’).

Como podem verificar, as outras tretas que tenho aqui para dizer que faço alguma coisa também já estão de volta ao activo, desde a Citação do Mês até ao Canal do CR no YouTube. Há novos concursos para quem estiver interessado (consultar secção “Concursos”, no blog principal, ou seja, este). A playlist foi reorganizada e tem novas músicas (sempre do melhor).

Entretanto, voltei a arregaçar e estou a elaborar uma nova lista de pessoas que gostava que escrevessem um texto para este blog. Esperemos que consiga algumas vitórias.

Quero destacar também a inauguração de uma nova secção de links no Guia de Hip Hop na Internet, chamada “Activismo”. É um grupo de sites que não estão tão relacionados com o Hip Hop de uma maneira directa, mas que tem a ver com a tal doutrina que dá nome ao meu blog (para os distraídos: Cultura de Resistência), e que eu pus um pouco de lado tal era (e é) o meu entusiasmo em falar de assuntos mais ligados à cultura. Vejam os vídeos e mantenham-se informados.

Aqueles que também quiserem estar informados sobre o blog podem fazê-lo subscrevendo a Newsletter do CR. Agora é automática, num desses sites que existe, e tem uma apresentação muito melhor. Subscrevam e três vezes por mês receberão uma e-mail (de cada vez que publico um texto). Se se fartarem, podem sempre cancelar a subscrição no mesmo sítio (na coluna da direita, secção “Serviços”, em baixo).

No entanto, quaisquer sugestões, correcções, pedidos de divulgação (de eventos, grupos, lançamentos) ou outra coisa qualquer que queiram comunicar-me podem fazê-lo para o mesmo endereço: cr_email@sapo.pt.
Irei também pôr, neste primeiros meses, algumas assuntos para votar. Não muitos, para não ser chato (ex: os putos do Fórum da Horizontal hehe), mas apenas para avaliar o que as pessoas pensam do meu blog. Basta dar um click. O espaço para votar aparecerá algures na barra da direita.

Por último, aviso-vos para estarem atentos porque os quatro posts que faltam no mês de Dezembro de 2007 serão colocados muito brevemente (para quem não se lembra, prometi pôr cinco posts nesse mês em vez dos habituais 3 porque faltavam um em Julho e um em Agosto, devido às férias).
Comentem e esclareçam!

PS: No dia 15 de Fevereiro (ou seja, ontem), a Momentum Crew esteve no Museu D. Diogo de Sousa. Quando soube disto à cerca de uma semana estava com a ideia de lá ir, mas entretanto reparei (demasiado tarde) que era preciso inscrever-se, pelo que não fui. De qualquer maneira, é de elogiar este tipo de evento (grátis!). Conheci este grupo de breakdance, ou mais propriamente, b-boying, na última edição do HipHoPorto, em 2008. E gostei. Além disso, esta foi uma oportunidade rara aqui em Braga, porque quanto a mim, já sabem o que eu penso sobre a generalidade dos eventos culturais em Braga: mais vale dar um salto ao Porto. Like water for chocolate.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Suportar a Fome

Este post tem a ver com os CDs e o MP3, mas não vai ser para cascar em ninguém. Quem quiser saber a minha opinião sobre os downloads e MP3 e os CDs e preços dos mesmo, que clique nos links.

Bom, ao longo dos últimos dois anos a minha filosofia acerca de comprar CDs foi mudando um bocadinho. Se ao início seguia a política do Valete e comprava os mais underground e pedia ao meu irmão para (piii) os dos gajos mais mediáticos (normalmente estrangeiros), como neste últimos dois anos só consumia rap estrangeiro, principalmente americano, comecei a comprar o que gostava e cagava para se o rapper já tinha muito dinheiro ou não.

Mas agora o que me fez escrever este tópico: aquando do regresso do CR neste mês, o meu único acto de publicidade foi ir buscar um tópico que tinha no fórum do CR (felizmente ainda não o tinham apagado) e postar lá a informação. Noutro dia, queria encontrar o tópico, e ver se alguém tinha comentado, por isso fiz uma pesquisa no fórum com o nome do meu blog. Para além do meu tópico, descobri outro que se intitulava “Links importantes [Hip Hop]”. O autor pretendia ali reunir links que dariam jeito a qualquer apaixonado da cultura quando tivesse a navegar na Internet. Alguns já conhecia, outros não (e uns “saltaram” para o Guia lol). Bem, pelo meio encontrei um post da Nicolau onde ela sugeria também alguns (que o autor já tinha acrescentado ao início mas eu ao princípio não reparei). Acabei por ir dar a este blog: Só Pedrada Musical (da autoria de Tamenpi).

Ora nesta parte eu entro numa grande euforia e não me lembro de mais nada. Não, estava a brincar. Primeiro gostava de dizer que tive a sensação de que devia ser a única pessoa da nossa comunidade online que ainda não conhecia o blog. Depois, gostava de confirmar que realmente dei em maluco. E desatei a (piii). Aquilo parecia que tinha tudo. Tentei variar. Ao mesmo tempo que ia (piii), fui passando os arquivos a pente fino e fazendo uma lista do que me interessava. Aqui fica a lista:

DIA 1
- Exile – “Radio” (2009)
- Black Milk – “Tronic” (2008)
- Common – “Finding Forever” (The Breaks) (2006)
- Common – “Finding Forever” (2006)
- Jean Grae & 9th Wonder – “Jeanius” (2008)
- Reflection Eternal (Talib Kweli & DJ Hi-Tek) – “Train of Thought” (2000)
- KRS-One & Marley Marl – “Hip Hop Lives” (2007)
- Gang Starr – “Moment of Truth” (1998)
- GZA – “Liquid Swords” (1995)
- Pete Rock – “Soul Survivor” (1998)

No dia seguinte, voltei à carga (a arriscar um pouco mais):

DIA 2
- DJ Doc Rok – “The Biggie Hendrix Experience” (2008)
- Atmosphere – “Strictly Leakage” (2007)
- Little Brother – “The Listening” (2003)
- Pharoahe Monch – “Internal Affairs” (1999)
- “Soundbombing Vol.2” (1999)
- Blockhead – “Uncle Tony's Coloring Book” (2007)
- De La Soul – “Stakes Is High” (1996)
- Mos Def & Talib Kweli – “Blackstar” (1998)
- Marco Polo – “Port Authority” (2007)

Pronto, depois disso, ainda (piii) mais umas cenas, sempre a tentar variar, mesmo sabendo que algumas nunca seriam espantosas:

- J. Dilla – “Ruff Draft” (reedição: 2007)
- Soundtrack “Bomb the System” (El-P) (2005)
- Busta Rhymes & J. Dilla – “Dillagence” (2007)
- Kanye West – “Graduation” (2007)
- The RZA Presents “Afro Samurai - Resurrection” (2009)

Algures pelo meio descobri um álbum do qual já tinha ouvido músicas e que tinha muita curiosidade em ouvir (por motivos pessoais: gosto muito de Blues e de Jazz): Madlib – “Shades of Blue” (o tal com samples autorizados pela Blue Note). Infelizmente (damn it!) o link já não dava, mas eu desde aí que tenho andado com o CD na cabeça a chatear, tenho que ver se o arranjo (pedi ao Tamenpi para ver se me arranja, ainda estou à espera de resposta).

Depois de constatar que havia bastantes blogs com cenas para (piii) (facto que desconhecia: blogs, não sites). Então fui (piii) mais umas cenas:

- The RZA Presents “Afro Samurai – Resurrection” (2009)
- RZA (as Bobby Digital) – “Digi Snacks” (2008)
- Aesop Rock – “None Shall Pass” (2007)

Facto engraçado que se passou com este álbum do Aesop Rock: antes de (piii) eu nunca tinha ouvido as músicas com a voz por cima (excepto a “Citronella”, a “None Shall Pass” e a “Coffee”), apenas os instrumentais que arranjei graças à gentileza da Nicolau. O efeito até foi engraçado. Fez lembrar quando ouvimos alguém novo a pegar em beats que já foram usados (olhem, o caso da M7, por exemplo).

Bem, entretanto deixou de caber tudo no leitor de MP3, e eu pus umas cenas de lado. Sou capaz de substituir mais algumas para não ter só hip hop americano no leitor. Vou ver se ponho umas cenas de outras nacionalidades, e também sem ser hip hop (às vezes apetece ouvir outra coisa, e lá está, tem de se “abrir os horizontes”).

Com tanta cena no leitor, comecei a reflectir no que é (piii) tantos álbuns em tão pouco tempo: um milagre e uma maldição (e um atentado no tráfego).
Um milagre porque subitamente tenho à minha disposição quatrocentas e tal músicas que posso ouvir quando quiser, onde quiser (com o único preço de gastar bateria ao leitor: oooh não!).

A maldição é que eu quando ouço um CD novo, gosto de me concentrar nesse CD e não ouvir mais nada. Normalmente, isso é fácil porque o resto já ouvi quinhentas vezes (a não ser quando compro mais que um CD na mesma ocasião). Ora, com montes de CDs que não ouvi ou que ouvi poucas vezes no leitor, um dia posso ouvir isto, mas no seguinte já me apetece ir ouvir outro. Há ainda outro defeito, que tem a ver especificamente com ouvir música no MP3. Costumo usar o leitor quando estou a dirigir-me para algum sítio, seja a pé, de autocarro, comboio ou carro. É um bocado chato de cada vez que quero saber o nome da música que estou a ouvir ter que tirar o leitor do bolso (enquanto que quando compro um CD, logo a primeira coisa que faço quando chego a casa é sentar-me junto à aparelhagem, pôr o CD a tocar e ir explorando o livrinho que vem em conjunto).

A maior vantagem de todas é que os meus pais compraram uma aparelhagem das boas, muito melhor do que a minha que já tem uns 5 ou mais anos e que gosta de empancar na primeira música aos zero minutos e quarenta e tal segundos (aliás, nas outras também empanca às vezes), e que tem ligação USB, logo eu posso estar sentado no sofá e ir percorrendo com o comando as pastas até encontrar a que quero. Outra cena é o facto de alguns dos álbuns serem antigos e ser impossível arranjar em algum sítio (clássicos do J Dilla, Pete Rock, etc.).

Concluindo, espero não vir a ter uma congestão desta música nova toda, mas quando finalmente acabar vou querer repetir a dose. Claro, como sou um consumista (no sentido de comprar) de música assumido invariavelmente vou tentar arranjar alguns dos CDs que estou a ouvir (dos que gostar, e para os que as poupanças derem). Vocês juntem dinheiro, e façam o mesmo.

Ah, já agora, duas cenas que encontrei à algum tempo, e que não tiveram muito buzz:
- Mixtape “Ol’Dirty Bastard Remembrance” (A Tribute to Ol’Dirty Bastard) (2008)
- Termanology – If Heaven Was a Mile Away” (A Tribute to J Dilla) (2008)
NOTA: Podem sacá-las (porque é um piii legal) no Guia de Hip Hop na Internet.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Hip Hop Feminino

«É claro que o Hiphop é um contexto muito masculino e em que as mulheres são uma minoria que ainda procura o seu espaço, mas acreditamos que à medida que forem aparecendo mais mulheres, muitas outras seguirão o exemplo, da mesma forma que se a qualidade do que é feito for também aumentando, a têndencia é para que melhore cada vez mais.»

Sygyzy em entrevista ao blog Assalto Sonoro (18 de Junho de 2006)

O que me inspirou a escrever este artigo foi o lançamento da Mixtape “Martataca” da MC M7. Soube desta notícia a partir do blog da Nicolau. Fiquei também a saber que esta pertencia a um grupo, Sygyzy, constituído por quatro elementos: duas MC’s, uma cantora e um DJ (coitado do gajo… ou talvez não lol). A outra MC, de nome Capicua, tinha lançado por sua vez o “Capicua Goes Preemo Vol.1” em finais de 2008. Bem, de tudo isto, a única coisa que eu já tinha ouvido falar era do nome do grupo. E isto porque vi o banner no H2Tuga (nem sequer sabia que tinha esta característica especial de incluir MC’s femininas). Isto porque, como vos disse no post anterior, durante os últimos dois anos, dois anos e meio, estive praticamente só concentrado na cena internacional (nomeadamente norte-americana). Aproveito para comentar que 2008 foi um ano em cheio em termos de lançamentos.

Bem, então lá fui eu sacar as músicas destas duas MC’s. Confesso que não sabia o que esperar, mas seja o que fosse, superou as expectativas e não há dúvida que de algum modo estas duas MC’s já conseguiram inovar no Hip Hop Tuga. E é interessante verificar que as duas são bastante diferentes uma da outra: a Capicua é mais calma, ponderada, mostrando-se um pouco indefesa até. A M7 tem a força da “mulher do século XXI” misturada com uma característica, que eu até concordo com a Nicolau que seria mais difícil encontrar noutro lado que não no Norte, aquilo a que se chama ser uma “mulher do Norte” (acho que a expressão disto tudo). Um exemplo? O que é que é pior: arranjares sarilhos com um guna ou com uma velhota daquelas do Bolhão?...
Contudo, notem que não se pode dizer que uma é mais feminina que outra. Ambas o são, e é com agrado que constato que nem a Capicua caiu no “erro” de cair para o R&B (Dama *cof* Bete) nem a M7 caiu no erro (sem aspas) de se masculinizar. E no entanto uma faz músicas de amor de uma maneira inegavelmente feminina e a outra faz músicas de egotrip com alguma punchlines bem duras.

É um exercício interessante descobrir as inúmeras diferenças entre o rap feito por estas duas raparigas e aquele que todos conhecemos (o masculino). Tal como os MC’s masculinos costumam dirigir-se a um ouvinte masculino (ainda que, dada as regras da gramática, possam ser ouvintes no geral), estas duas dizem coisas como “amiga, como tu, tenho medo da rejeição”.

Resumindo, a nota é positiva. No entanto há que advertir que, se o objectivo final for a igualdade entre sexos na cultura Hip Hop (uma batalha nada fácil), haverá sempre obstáculos dificilmente ultrapassáveis. Exemplo: há músicas da Capicua e da M7 que dificilmente alguém do sexo masculino se identificará com o assunto, o mais provável é até rejeitar com uma careta (lol). Nunca tinha pensado nisso de outra perspectiva, mas também de certeza há (e numa quantidade avassaladora comparativamente com o outro lado) de músicas (portuguesas e outras, claro) com temas mais masculinos que talvez o sexo feminino não entenda ou não se interesse por. A pergunta é: como se resolve isto? Ou não se resolve?

É que se eu fizer uma música sobre bitches e hoes, isso dificilmente se traduzirá num obstáculo na hora de obter um sucesso na bilheteira, mas uma versão feminina, pelo menos enquanto o Hip Hop não conquistar mais público desse sexo, é bem capaz de ser rejeitada.

Se o percurso for percorrido eficientemente, e dada a enorme carência, acredito que é uma questão de tempo até que apareça uma MC portuguesa que inove de uma maneira brutal (se é que não é nenhuma das duas). Há uns anos, eu lembro-me que até se falavam numas quantas: as Lweji, a Sky, as Backwords (pelas quais eu até tinha uma certa admiração) etc, etc. Entretanto, parece que se manifestaram tanto quanto o site da Hip Hop Ladies, ou seja, morreram.

Mais uma coisa: sem dúvida que a melhor MC feminina para mim (e do que eu conheço) é a Jean Grae. Tem um flow e uma escrita que igualam o de muitas lendas masculinas. Porém não tem nenhuma fixação por “agredir” o sexo masculino. Será porque o caminho, por algum motivo, lhe foi facilitado? Se foi, então palmas para o responsável. O que é certo é que acredito que é um modelo a seguir para as MC’s femininas (mas não lhe copiem o estilo! lol).

Agora, não sei se repararam, mas eu pus o título “Hip Hop Feminino” e não “Rap Feminino”. Que eu saiba, a carência do sexo masculino é notável nas quatro vertentes: no breakdance, acho que ainda há grupos que até já têm algum respeito (mais a nível internacional); no graffiti não faço a mínima; DJ’s nunca vi (ou se vi deu-me uma branca); MC’s já referi antes. Dado que percebo muito mais da vertente do Rap do que das duas primeiras, também seria difícil conhecer muitas b-girls e writers femininas. Deixo a análise das outras vertentes para vocês.

Lembrar também que isto tudo está no início, e não se deve exigir demais, ou como a M7 repete umas cinco vezes na Mixtape dela:

«Não se constrói uma casa a começar pelo telhado»

M7 - Intro in Martataca (2008)

Para sacarem as músicas vão à secção “Downloads do Guia de Hip Hop na Internet.

domingo, 18 de janeiro de 2009

CR - O Regresso

AVISO!
O comprimento deste post é prova do nível de inspiração que o autor tem para voltar ao activo.

Ora bem, cá estou de volta. Começo por realçar que irei pôr os posts que faltam no mês de Dezembro de 2008. Foi um ano difícil, este. Juntamente com muita preguiça, falta de tempo e de inspiração, acabou por resultar neste “buraco” nos arquivos do CR. Para além disso, ainda tive um “problemazito” que me fez perder montes de coisas que tinha guardadas em suporte digital, principalmente devido à minha estupidez. Entre elas, claro está, encontravam-se uns quantos posts já escritos para serem futuramente expostos no blog. Felizmente, umas semanas antes do acidente, tinha andado a passá-los pró papel, logo não deviam estar assim tão diferentes do que os que tenho guardados.

Enquanto andava a organizar de novo as cenas que tenho guardadas do blog, fui relendo os comentários que foram feitos aos meus textos desde o início, e creio que isso me deu bastante motivação. No entanto, dada a falta de comentários nos últimos posts, pergunto-me se algures pelo meio os meus tópicos terão perdido interesse. Admito que talvez não estivessem tão cuidados (ou elaborados) como os anteriores. Vocês, caros leitores, dir-me-iam quando puderem.

Prosseguindo, o facto de não ter postado nada não quer dizer que não tenha pensado no blog no ano de 2008, e reflecti um pouco no caminho que ele estava a tomar. O meu blog não é pessoal, e eu apenas escrevo um tipo especial de textos, que são aqueles assuntos dos quais eu gostava de ouvir outras opiniões. Decidi começar a ser um pouco mais informal daqui em diante, sem abandonar de todo a linha que caracteriza o CR. Além disso, se me apetecer mesmo pôr um post que não está relacionado com a filosofia do CR (ex: assuntos que não tenham directamente a ver com Hip Hop), posso sempre criar um outro blog ou um anexo.

Reparem que andei (e ainda ando) a actualizar o Guia da Internet. Espero que esteja a ser útil. Ainda, provavelmente já notaram (e ainda mais provavelmente, já se esqueceram) de que eu não pus aqui nenhum post do tipo “Convidado”, que supostamente seria para alguém que não eu escrevesse qualquer coisa para o blog. Não sei se porque peço de mais, ninguém me liga ou por azar todos os e-mails para onde envio convites estão como que mortos, a verdade é que não tenho conseguido nenhum progresso. Por isso, esse tipo de post está oficialmente “suspenso” até eu decidir tentar de novo.

Queria também anunciar que brevemente irei pôr online as rimas que já faço a alguns anos. Como nunca trabalhei com nenhum produtor, vão estar em acapella (ou talvez lhes ponha uma batida por baixo para disfarçar). Esperemos que algum produtor se interessa por aquela “obra-de-arte”. Qualquer pessoa, como um MC de que tenha falado mal ou assim, que se queira vingar de mim pode fazê-lo no meu Myspace. Nota: a “música” que lá está foi para dizer que tenho alguma coisa. Não tenho experiência de produção, só não queria era deixar aquilo sem nada.

Outra coisa que se passou em 2008 (embora não tenha começado nesse ano) foi o meu isolamento do hip hop tuga. Desde há uns três anos para cá, tenho estado concentrado mais no hip hop estrangeiro, principalmente o norte-americano, não dispensando qualquer tempo para me actualizar sobre o que se passa na Tuga. De maneira que há muitas coisas que muita gente já sabe e eu só descobri há uns dias, depois de começar a investigar um pouco na Internet. Aproveito para abordar alguns dos assuntos mais recentes.

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VIDEOCLIP “DOPPING” DO SAM THE KID
Há uns dias fui ao blog do Primouz e encontrei o último videoclip do Sam The Kid, “Dopping”, uma música que ainda não conhecia, e que presumo vir da reedição do álbum Pratica(mente) (à parte: grande cena essa da reedição, lixou-me bem, o STK lol). Ora a música até está boa, mas o videoclip, sinceramente… Aquilo nem é não conseguir ser um bom videoclip, é ser mesmo mau videoclip: primeiro, é muito banal, não acrescenta nada de significativo à música; segundo, é destas festas com paredes luminosas que dão bem para aparecer na Lux. Se não fosse o STK ser talvez o meu MC/produtor português favorito (dado que utilizei o adjectivo “favorito”, bem que me podem acusar de favoritismo) isto ainda seria um pouco mais duro. Para finalizar, uma pergunta: imaginem que não conheciam o STK, e que este era o primeiro videoclip (e já agora, a primeira música) que viam/ouviam dele. Qual era a vossa impressão?

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MAMÃ, ESTOU NO YOUTUBE!
Descobri, anteontem, que sou uma vedeta no YouTube. Ná, pronto, só apareci em dois vídeos, num deles em terceiro plano, no outro no meio da multidão, e não é nenhuma surpresa o facto de aparecer lá. O primeiro foi num vídeo do concerto espectacular do Marcelo D2 na Casa da Música; o segundo é um vídeo (descoberto também no Primouz) sobre o festival “HipHoPorto 2008”, também na Casa da Música. Por isso para tornar o final deste post divertido, e para compensar os leitores do aborrecimento que foi ler isto tudo, proponho um jogo. Vocês têm que adivinhar quem é que eu sou. E decidi que as regras são estas:
- Tempos:
> Concerto Marcelo D2 – mais ou menos 1:09 (altura em que fico mais centrado)
> HipHoPorto 2008 – 1:54 (logo, logo, logo)
- Ajuda: comecem pelo segundo vídeo. Aos 1:54 (logo, logo, logo) conseguem-se perceber 6 pessoas. Tentem reconhecer alguma dessas pessoas no primeiro vídeo (muahaha).
- Objectivo: descrever onde eu estou situado na imagem do segundo vídeo (aos 1:54).
- Prémio: uma chicla Bubblicious com “sabor a Hip Hop” (se isso ainda existir – esse sabor, não o Hip Hop).
- Comentário final: dado que é praticamente impossível para quem não conheça a minha cara, eu até apostava 1 milhão de euros, mas sou um tipo cauteloso. Boa sorte!
Warning
Não é válido para nenhum dos espertos que me conhece, obviamente.

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SÓ MAIS UMA.. DUAS CENAS!
Não me perguntem como foi o concerto do Gabriel o Pensador no Enterro da Gata, porque não fui. Melhor: comprei o bilhete, mas não fui. Quando penso nisso, ainda fico deprimido. Pelo que ouvi dizer na altura, foi muito bom.
Comprei ontem o último álbum dos Looptroop (agora Looptroop Rockers) de 2008, que dá por nome de Good Things. Surpreende-me que nenhum blog de hip hop tuga (dos que eu visito) tenha falado nele, em especial este e este (então como é que é?! lol).
Ah, um extra: ainda bem que o autor do Piecemaker já voltou. É pena é que já tenha abandonado o blog outra vez lol

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Ora bem, acho que é tudo. Não abuso mais da vossa paciência. Como podem observar, eu estruturo tão bem os meus textos, que tanto a introdução como a conclusão começam com a mesma expressão: “ora bem”. É de aplaudir esta repetição propositada (ou então simplesmente porque não me dei ao trabalho de pôr outra expressão equivalente). Abraço a todos (“abraço” porque dá para os dois géneros) e comentem!