«Editoras e jornais e esses tais intelectuais, não percebem rimas, só instrumentais»
Mas há quem diga que cada vez menos. O problema é que muitos críticos ainda não perceberam o quão importante é a mensagem no rap, como a insatisfação dos criadores do género relativamente à sociedade teve implicações directas na forma como este se desenvolveu. Mas quando estamos a falar de letras, não é devemos dar atenção só ao aspecto da mensagem, mas também há construção dos versos em si. Existem muitos rappers que não são grandes poetas simplesmente porque não sabem construir uma letra. Não têm cuidados com os versos que escrevem, fazem tudo à toa e a estética, o som que dá quando a letra é ouvida é, na minha opinião, muito importantes para se ser um bom rapper.
Talvez por a mensagem não ter tanto impacto noutros géneros musicais, muitos críticos não consideram as rimas algo tão explorável e interessante como os instrumentais. Porquê? Na grande maioria dos géneros musicais, as pessoas tocam instrumentos, e isso normalmente é muito mais admirado do que as que sabem escrever um simples letra. No rap, em que normalmente não se toca instrumentos, mas existem produtores para cuidarem da base musical, os instrumentais não deixam de poder ser admirados, já que podem ser tão complexos como os que são tocados pelas pessoas que os fazem. Mas aquilo que os MC’s dizem por cima foi ganhando relevo no passado (já que faço nisto, será que darão a devida importância às letras de outros géneros?) e hoje já vão muito mais longe do que um simples “ponham as mãos no ar!”.
Proponho também outra pergunta para reflexão: será que o facto de os Estado Unidos estarem atolados de hip hop americano, onde as mensagens passadas falam geralmente de perspectivas materialistas e pouco mais (resumindo, lixo de que ninguém quer saber), ajudou a que os críticos desvalorizassem o poder da poesia no rap? Estejam mais atentos quando lerem críticas nos jornais ou revistas e depois comentem aqui no blog.