terça-feira, 31 de julho de 2007

Preços Acessíveis

«Se cada exemplar vos custa realmente 15 euros a manufacturar, então permitam-me a insolência, mas vocês ou são mentirosos ou são burros! E em qualquer das hipóteses merecem fracassar»

Ikonoklasta - “Mais Uma Intrada in As Melhores Coisas Na Vida São de Graça

O outro lado da moeda. O primeiro lado, relativo aos downloads e o consumo a partir da Net, está descrito no tópico Polémica - Internet e MP3. Para quem estiver interessado, sugiro um tema relacionado, mencionado no blog Reality Breaks Records: o tópico chama-se “O CD tá morto, Vida longa ao CD.

Como já disse, este tópico é a perspectiva adversa ao dos downloads (o que não quer dizer que se contrariem). A desculpa, válida (ou parcialmente válida) ou não, que muitas pessoas dão para não comprarem CDs e fazerem downloads da música que querem é que os CDs são muito caros. Para quem não sabe, um CD de hip hop português na FNAC anda à volta dos 15 euros, se for de hip hop estrangeiro é provável que custe mais de 20 (como a FNAC não costuma vender artistas do underground estrangeiro, só mesmo os CDs mais antigos é que podem fazer baixar a média).

Confesso que não tenho ideia dos custos das editoras ao manufacturarem os discos, mas a verdade é que os preços dos álbuns já conheceram melhores tempos. Por isso compreendo que muitas pessoas sintam relutância em comprar CDs (e isto, falando apenas do hip hop, pois outro género de música, como o rock português, pode custar tanto como um de hip hop estrangeiro). Contudo, acho que as pessoas também não deveriam generalizar e, se encontrarem um CD bom a 10 euros, eu consideraria uma boa oportunidade.

Gostava de relembrar que os autores do disco, os artistas, podem ter um papel decisivo no preço do CD. Segundo ouvi, embora não o possa dizer com certeza, o Valete fez questão de que o seu fosse barato e, embora muitos aleguem que para ele é mais fácil porque também faz parte da editora, é sempre positivo este tipo de comportamento (o Educação Visual podia ser encomendado no seu antigo site pessoal a 7 euros e tal).

Mais uma vez, como estão a ver, nem oito nem oitenta. Eu também faço downloads, especialmente de música estrangeira, mas também compro CD's. Se se derem ao trabalho de estarem atentos e compararem preços, não há desculpa para não comprar um disco de vez em quando. Também não vos incentivo a comprarem todos os que gostam, especialmente os mais famosos, pois devem reservar os tostões para os que mais precisam. Já agora, falei no papel das editoras, mas também há a confusão das taxas de IVA: sabiam que as revistas pornográficas só têm 5%, o equivalente a um “bem de primeira necessidade”, e os CD's de música não?

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Sem Meios Não Há Conquista

Só quem anda a dormir é que nunca reparou que o Hip Hop seduziu a juventude e reina agora nas rádios, que se tornou moda e que está em todo o lado, desde pastilhas elásticas a toques de telemóvel.

Todas estas características dariam para dizer que o Hip Hop tinha conquistado Portugal; não fosse haver um pertinente problema: onde está a indústria musical? Onde estão as grandes editoras, as revistas de Hip Hop, os estúdios, os festivais e os grandes concertos? Onde estão as provas mais consistentes de que o Hip Hop realmente teria conquistado Portugal? Será que lhe poderemos chamar de “Nação Hip Hop”, ou esta expressão continuará a só poder aplicar-se a pessoas “de dentro” e aos ouvintes mais dedicados?

Já ninguém, mesmo as pessoas que não simpatizam com a cultura, afirma que o Hip Hop continua a ser uma coisa desconhecida. Nos EUA a indústria até conseguiu que ele rendesse bem (e quase o matou!) mas parece que a indústria portuguesa não notou isso (ou então é aquela coisa dos portugueses estarem sempre atrasados).

Seja como for, penso que, por muito bons projectos que sejam, um programa de rádio (“Nação Hip Hop”), um programa de televisão (“Beatbox”) e uma revista virtual (“IV Street”) não bastam para sustentar o rap em Portugal, muito menos a cultura Hip Hop.