«Every black man that goes in the studio, he always got two people in his head: him, in terms of who he really is, and the thug, that he feels he has to project.»
Este post é uma espécie de continuação do post “Hip Hop Feminino”. Estamos todos conscientes, e não é preciso ser um hip-hopper viciado para reparar nisso, que a cultura hip hop tem um grande ponto fraco, que é o machismo que a infecta. Na minha opinião, este é um dos seus maiores defeitos.
Este machismo é suportado principalmente pela vertente do rap, reflectindo-se depois no resto da cultura: desde os termos utilizados para se referir às mulheres até às videoclips chics. Não há dúvida aqui: é um mundo maioritariamente de/para homens.
Mas onde começou esta atitude que, à primeira vista, não seria algo que conjugasse tão bem com os princípios de união e paz que tanto se apregoa dentro deste mundo? Há quem diga que começou assim que o hip hop se associou ao mainstream. Mas eu acho que não.
Na minha opinião, e não entendam isto como uma crítica racista, o machismo vem da própria cultura afro-americana e, sendo assim, o machismo não apareceu no hip hop, mas estava lá quando o hip hop americano começou. Claro que não me refiro às festas que o Grandmaster Flash, o Afrika Bambaataa ou o Kool DJ Herc davam, mas acredito que há medida que o rap crescia e a sua forma ficando mais definida, as coisas tornaram-se mais visíveis. O rap, principalmente no início, sempre reflectiu a situação dos imigrantes africanos nos EUA (e os seus descendentes). À medida que o hip hop cresceu, o rap deixou de ser black music, como muitos ainda acreditam que é. Mas o machismo permaneceu. Não é também nenhuma novidade que há uma certa crença em algumas culturas africanas (e árabes) de que a mulher, o “sexo fraco”, é inferior ao homem. Acredito, por isso, que isto foi transportado para o hip hop, sendo mais explícito na vertente musical.
Obviamente, a indústria teve bastante interesse em explorar o estereotipo do rapper machão, num mundo onde não há mulheres, só bitches, criando assim uma série de material que transmite mensagens onde a mulher é inferiorizada, que nem vale a pena estar a exemplificar.
Claro que também não devemos desatar a apontar o dedo de cada vez que um rapper afro-americano diz bitch ou hoe. O que é preciso pensar é: aquilo poderia ser substituído por quê? Se o MC se está a referir às mulheres em geral, então o insulto é machista. Se se está a referir a uma mulher em particular, não tem necessariamente de se interpretar da mesma maneira. Lá por eu dizer que aquela gaja é uma cabra, não significa que sinta o mesmo pelo sexo feminino em geral. É só que às vezes, ela está mesmo a pedir.
Por outro lado, há que ter em conta que estamos a falar de uma cultura do ponto de vista da nossa. Na nossa cultura, ou mais propriamente na norte-americana, bitch é um insulto com grande conotação machista. Ora, às vezes, surgem exemplos de pessoas afro-americanas que usam a mesma palavra mas sem querer exprimir todo o significado que nós tiramos dela. Por exemplo: “I Love My Bitch”, do Busta Rhymes. «Grande contradição», diríamos nós. Como é que palavras como “love” e “bitch” podem estar ligadas no mesmo título? Para tirar conclusões, há que saber não só pensar por nós, mas imaginar como os outros pensam.
Este machismo é suportado principalmente pela vertente do rap, reflectindo-se depois no resto da cultura: desde os termos utilizados para se referir às mulheres até às videoclips chics. Não há dúvida aqui: é um mundo maioritariamente de/para homens.
Mas onde começou esta atitude que, à primeira vista, não seria algo que conjugasse tão bem com os princípios de união e paz que tanto se apregoa dentro deste mundo? Há quem diga que começou assim que o hip hop se associou ao mainstream. Mas eu acho que não.
Na minha opinião, e não entendam isto como uma crítica racista, o machismo vem da própria cultura afro-americana e, sendo assim, o machismo não apareceu no hip hop, mas estava lá quando o hip hop americano começou. Claro que não me refiro às festas que o Grandmaster Flash, o Afrika Bambaataa ou o Kool DJ Herc davam, mas acredito que há medida que o rap crescia e a sua forma ficando mais definida, as coisas tornaram-se mais visíveis. O rap, principalmente no início, sempre reflectiu a situação dos imigrantes africanos nos EUA (e os seus descendentes). À medida que o hip hop cresceu, o rap deixou de ser black music, como muitos ainda acreditam que é. Mas o machismo permaneceu. Não é também nenhuma novidade que há uma certa crença em algumas culturas africanas (e árabes) de que a mulher, o “sexo fraco”, é inferior ao homem. Acredito, por isso, que isto foi transportado para o hip hop, sendo mais explícito na vertente musical.
Obviamente, a indústria teve bastante interesse em explorar o estereotipo do rapper machão, num mundo onde não há mulheres, só bitches, criando assim uma série de material que transmite mensagens onde a mulher é inferiorizada, que nem vale a pena estar a exemplificar.
Claro que também não devemos desatar a apontar o dedo de cada vez que um rapper afro-americano diz bitch ou hoe. O que é preciso pensar é: aquilo poderia ser substituído por quê? Se o MC se está a referir às mulheres em geral, então o insulto é machista. Se se está a referir a uma mulher em particular, não tem necessariamente de se interpretar da mesma maneira. Lá por eu dizer que aquela gaja é uma cabra, não significa que sinta o mesmo pelo sexo feminino em geral. É só que às vezes, ela está mesmo a pedir.
Por outro lado, há que ter em conta que estamos a falar de uma cultura do ponto de vista da nossa. Na nossa cultura, ou mais propriamente na norte-americana, bitch é um insulto com grande conotação machista. Ora, às vezes, surgem exemplos de pessoas afro-americanas que usam a mesma palavra mas sem querer exprimir todo o significado que nós tiramos dela. Por exemplo: “I Love My Bitch”, do Busta Rhymes. «Grande contradição», diríamos nós. Como é que palavras como “love” e “bitch” podem estar ligadas no mesmo título? Para tirar conclusões, há que saber não só pensar por nós, mas imaginar como os outros pensam.
«I'm calling my black woman a bitch / I'm calling my peoples all kinds of thing that they're not»
Um documentário interessante que aborda o assunto: “Hip Hop: Beyond Beats and Rhymes” de Byron Hurt.