terça-feira, 25 de dezembro de 2007

CR - 1 Ano Depois...

EDIT: Este post faz parte dos que foram publicados com atraso, sendo concluídos apenas em Janeiro de 2009, embora pertençam a Dezembro de 2007. No entanto, o autor concluí-os como se não tivesse havido atraso algum (e ainda estivesse em Dezembro de 2007). Este post em concreto, foi pensado ainda quando os primeiros textos ainda estavam a ser publicados neste blog, mas apenas concluído também em Janeiro de 2009.

Um ano depois de ter criado este blog, confesso que estou satisfeito com o resultado.

Ao princípio, não sabia bem durante quanto tempo ia durar, ou sequer a quem me queria dirigir. Dado que achei que talvez não tivesse grande divulgação, achei que também não valia muito a pena pensar nestes assuntos. Era o meu blog, e acabava aí. Despejava para aqui os assuntos sobre os quais gostava de saber outras opiniões, mas que não tinha oportunidade de o saber de outro modo pois não convivia diariamente com pessoas que partilhassem esta paixão tanto como eu.

Comecei por divulgar o blog nos fóruns (nos quais tinha sido viciado a algum tempo atrás). Tive 5 comentários no primeiro post (sem contar com o meu), e para mim isso foi muito bom. E deu-me pica. À medida que postava, ia “afinando” a filosofia do blog, construindo o seu carisma, ou como comentou o André Silva num dos tópicos, «fazendo algo à sua própria imagem».

Fui tendo mais leitores, comentários de outras pessoas, algumas até de Braga, para minha surpresa. Achei que talvez conseguisse ter o meu próprio lugar, e dado que não havia (e ainda não há) assim tantos blogs sobre hip hop tuga (principalmente), continuei na minha aventura.

Ia escrevendo, no computador ou à mão, os meus posts, tirando notas sobre as entrevistas que lia, as notícias de que tinha conhecimento, gravando emissões do Nação Hip Hop que achasse que me seriam úteis para mais tarde. Ao mesmo tempo fui expandindo o blog noutras direcções, de que são exemplos os anexos do CR. Estes seriam formas de ajudar o leitor a ter a informação completa sobre aquilo que eu escrevia. Todas estas coisas ajudaram a que o blog ficasse mais forte, mas uma coisa fica clara: o blog não seria nada disto se não fossem as pessoas que me foram ajudando a passar todas as etapas até que ele se tornasse o que é agora. A essas pessoas, aqui vão os meus agradecimentos:

À Joana Nicolau pelo imenso auxílio tão fundamental que me prestou, em diversos aspectos do blog; ao A.Silva e ao P.Silva pelos conselhos e elogios (e dos primeiros!); a estes três e ao resto da já desintegrada equipa IV STREET (R.I.P.) pelas duas oportunidades que tive de participar na revista (sem dúvida o ponto máximo do meu trabalho como estrofe).

Ao PM e ao seu animado blog Hip Hop Excêntrico.

À Footmovin por ter autorizado que a sua música fosse incluída na playlist do blog.

À Equipa XLRap.

Aos outros blogs que aqui já estavam quando eu cheguei e que me fizeram sentir acompanhado (por ordem alfabética): Assalto Sonoro, Fonocaptador, Hit Da Breakz, Horizontal Records, Piecemaker e Suburbano; E ao DarkSunn e o seu blog Reality Break Records que entretanto nasceu (e cresceu).

À Sofia Meireles, Filipe Nunes e o resto da equipa H2Tuga, muito obrigado pela paciência, ajuda nos problemas técnicos do blog e oportunidade de estar conectado com o melhor site de hip hop tuga (sem dúvida!).

Ao Hip Hop Web (que esperemos que regresse).

Por último, last but not less, queria agradecer aos meus estimados leitores por terem lido os meus posts e reflectido sobre o seu conteúdo.

Daqui para a frente, é sempre a dar-lhe!

Chegamos à parte que foi pensada há quase um ano atrás, e para acabar de forma emocionante. A todos:

Obrigado, Sinto-me [enaltecido, vá]
Sem ti nada disto era real
Eu sou a rima e tu o instrumental
(…)
É [pela tua persistência]
Q’ainda existe o [Cultura de Resistência]
Mais uma vez obrigado
Sinto-me [elogiado]
Obrigado por ouvires tudo o que tenho a dizer
Tudo o que escrevi, tudo q’ainda hei-de escrever, obrigado

Boss AC - Sentir Tão Bem in RAP - Ritmo, Amor e Palavras (2005) (excerto adaptado)

Esperemos que o AC não se zangue. Afinal isto é só o blog de um puto que é parvo :D

Fiquem bem.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Polémica - Portugueses a Cantar em Inglês? (1 de 2)

EDIT: Este post faz parte dos que foram publicados com atraso, sendo concluídos apenas em Janeiro de 2009, embora pertençam a Dezembro de 2007. No entanto, o autor concluí-os como se não tivesse havido atraso algum (e ainda estivesse em Dezembro de 2007).

«O Hiphop é provavelmente a cultura internacional mais nacionalista»

Nicolau - “Qual Hiphop vs Metal?in Hiphop Kulture (28/12/2006)

Odeie-me quem quiser, mas eu não tenho qualquer problema em desenterrar assuntos (como já vem sendo hábito neste blog) que para muita gente são do passado. Na verdade, só vejo vantagens. Tenho acesso a opiniões bastante divergentes, conseguindo assim comentar algumas delas e rematar com a minha.

Para escrever este tópico, houve três fontes que achei bastante relevantes: o texto do Valete no blog da Horizontal, intitulado “Fernando Cabeça-na-Lua”; a entrevista do Sam The Kid ao Rui Miguel Abreu no Nação Hip Hop (a qual gravei em cassete); o post da Nicolau sobre esta polémica no seu blog.

Para desmistificar certas crenças que algumas (não digo a maioria) pessoas têm, há que começar por referir que esta discussão NÃO começou com a música “Poetas de Karaoke”. Já existia dentro do hip hop tuga e já existia fora do hip hop tuga. A diferença é que muitas pessoas entenderam a mensagem desta música como um ataque de um artista (Sam The Kid) de um universo específico (o Hip Hop) a outro artista (mais propriamente, artistas: os Moonspell) de outro universo (o Heavy Metal). Depois começou-se a generalizar, e a comunicação social andou a esfregar as mãos com títulos do género: “Hip Hop vs Heavy Metal” e sabe-se lá que mais. Voltemos à raiz do “problema”.

O Sam The Kid lançou em 2006 o Pratica(mente) cujo o single se chama “Poetas de Karaoke” , apresentado como um “protesto contra os músicos portugueses que cantam em inglês” (STK justificou ter escolhido a música como single afirmando que é um assunto sobre a Música). A partir daqui, a coisa descambou.

Vou tentar relatar-vos como tudo aconteceu (espero ser fiel à ordem cronológica dos acontecimentos): certos fãs de heavy metal ouviram o nome “Moonspell” na música do STK e interpretaram a mensagem da maneira errada (mais à frente explico porquê); a polémica ganhou força, os jornalistas deram conta e foram questionar o vocalista dos Moonspell, um tal Fernando Ribeiro, o qual respondeu aos comentários com uma crítica ao STK e ao Hip Hop Tuga em geral. Foram estas as suas declarações ao jornal Correio da Manhã:

«Ficámos tristes e desiludidos. Custa-nos ver músicos como o Rui Veloso pactuarem com um vídeo que, apesar de defender a nossa língua, é agressivo e completamente americanizado... (…) A comparação feita com o nome dos Moonspell é infeliz. Fizemos mais por Portugal do que qualquer banda de hip-hop. Levámos para fora poetas como Pessoa, Cesariny, José Luís Peixoto. Já gravámos em português. A nossa música tem muito mais portugalidade que o hip-hop. Cantamos em inglês porque essa é a língua de comunicação no Heavy»

- Fernando Ribeiro (Moonspell) in Correio da Manhã (Data: ???)


As declarações do STK no mesmo artigo:

«Até os admiro muito por tudo o que conseguiram. Esta canção é um alerta aos músicos que cantam em inglês para vender mais... Afinal, a Dulce Pontes e os Madredeus, que também refiro na canção, internacionalizaram-se, mas em português. (…) Canto hip-hop e, se calhar, até sou mais americanizado que o David Fonseca, que canta em inglês. Foi por isso que também me caricaturei. Sabia que iam pegar por aí.»

- Sam The Kid in Correio da Manhã (Data: ???)


Vou começar por falar da polémica. Na minha opinião, e pelos vistos está certa, dadas os comentários do Sam The Kid, não só ao Correio da Manhã como a uma série de outras entrevistas, ele não queria atacar os Moonspell. Vou-vos mostrar os versos em questão:

Querem ser os Moonspell querem novos horizontes

Mas aqui o Samuel é Madredeus é Dulce Pontes
Porque há uma identidade, vocês são todos idênticos
São autênticos mendigos vendidos por cêntimos

Acho que aquilo que despoletou esta polémica menor (dentro da polémica maior que é a discussão de se cantar em inglês ou não) foi as pessoas terem ignorado aquela parte do primeiro verso que diz “querem ser”. Se riscarem isso e voltarem a ler, realmente assim parece que o STK está a atacar os Moonspell. Só que essa parte faz toda a diferença! Se calhar se as pessoas lessem mais não teriam tantos problemas em interpretar o que outras pessoas escrevem.

«Querem ser os Moonspell». Quem? Bem, os Moonspell não são de certeza, pois que sentido faz que queiram ser eles mesmos se já o são? Para saber a quem o Sam The Kid se está a referir, tem que se ler a letra toda: o STK refere-se às pessoas que cantam em inglês tendo em vista o sucesso (especialmente o financeiro: “são autênticos mendigos vendidos por cêntimos”).

Para lerem o excerto da entrevista que transcrevi de cassete, com muito suor, para papel, ou melhor dizendo, para um documento Word, basta clicar aqui. Foi a primeira vez que fiz algo do género, e como vocês também poderiam notar se o tivessem feito, é muito diferente quando é uma entrevista dada na rádio ou para um jornal, isto porque num jornal eles “limpam” tudo, ou seja, aquelas repetições ou palavras desnecessárias (não me entendam erradamente, não estou a falar da censura) que as pessoas normalmente acabam por dizer numa entrevista oral (tal não sucede se for dada por e-mail ou Messenger). Contudo, decidi não limpar nada, incluindo, por exemplo, os “…, ‘tás a ver?” do Sam The Kid, pois dão um aspecto ligeiramente cómico à entrevista. Eu tinha a entrevista no IMEEM, mas dado que foi o IMEEM desapareceu, criei um blog para postá-la. Depois pensarei numa solução melhor.

Em breve a continuação, para responder à verdadeira questão…

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Tipos de MC's

«Todos quieren jugar / Hacerse escuchar, destacar y rimar»

Nach - “Tipos de MC's in Ars Magna (2005)

Para quem ainda não ouviu a música (que já não é novidade), recomendo vivamente que a ouçam.

O Sam The Kid tem uma justificação para não pôr as letras das suas músicas no livrinho que acompanha os seus discos: acha que cada um deve interpretar o que ele diz à sua maneira. E eu concordo. O que não impossibilita necessariamente que se forneçam as letras, até porque a sua ausência pode suscitar mal-entendidos, tal como aconteceu com a “Poetas de Karaoke”. De qualquer modo, vou explicar aqui o que me interessou nesta música do Nach que acho tão actual, e espero assim sublinhar a sua importância.

Nach separa dez tipos de diferentes MC’s, caracteriza-os individualmente e indica os defeitos de cada um. No fundo, isto é um grande ataque a muitos MC’s que se copiam todos uns aos outros. Ouvindo a música, lembrei-me de nomes para associar a alguns tipos.

Ouçam e comentem.