terça-feira, 24 de março de 2009

Filmes

Com o aparecimento de um novo filme sobre o Biggie Smalls, intitulado Notorious, decidi fazer um post sobre filmes sobre/relacionados com hip hop. Não vi assim tantos, e até já existe uma grande variedade de filmes.

Para ajudar a escrever este post, andei a fazer umas pesquisas na Net e descobri uma lista da Wikipedia, ainda que com alguns erros (uns quantos que não acho que se incluam nesta categoria).

Para os amantes do graffiti, uma vertente que sei que não percebo muito, há dois filmes essenciais (não vi nenhum deles): Wild Style (1982) e Style Wars (1983). Quando digo que são importantes, não é só pela essência do filme, até porque, mais uma vez, não os vi, mas pela altura em que apareceram e o impacto que criaram. No início dos anos ‘80, a cultura Hip Hop estava a ganhar fama e a encontrar-se com o mainstream, e embora todas as quatro vertentes tenham tido um papel relevante nesta fase, o graffiti é de salientar: era uma fase onde já se encontravam graffitis expostos em galerias de Nova Iorque e havia pessoas que realmente tomavam esta arte de forma séria. Fica aqui um excerto sobre o Wild Style, retirado de um livro que recomendo muito:

«Perhaps the most lasting tribute to the spirit of ‘82 is the movie that Charlie Aheam, Fab 5 Freddy, and Lee Quiñones gathered to talk about in the abandoned massage parlor in Times Square, Wild Style. The movie captured the sense of discovery, the new thing in all its raw, unpolished glory.»

CHANG, Jeff, Can’t Stop, Won’t Stop: A History of Hip Hop Generation, New York, Picador, 2005

Em 1984, surgiram mais dois filmes: Breakin’ (que teve uma sequela no ano seguinte) e o famoso Beat Street, que nos mostra realmente como o Hip Hop nas suas vertentes se estava rapidamente a aliar ao mainstream. Eu não vi o Breakin’, mas vi o Beat Street e recomendo-o. É daqueles filmes que nos inspira, e não só nos dá uma boa perspectiva de como eram as cenas naquele tempo, como também consegue mostrar-nos as quatro vertentes do Hip Hop tal e qual como eram nos anos ‘80: o graffiti a sair da rua para as galerias, o breakdance a ganhar popularidade e o rap a ser cada vez mais cobiçado pela indústria. Contudo, mostra também as dificuldades e o preço a pagar por esta transformação. Mais uma vez, um excerto do mesmo livro.

«Beat Street’s dramatic thrust was fed by the main themes of Wild Style and Style Wars – the competitive drive of the culture’s devotees, the generational, racial and class tensions the culture fuelled, the perilous negotiations between uptown and downtown. The original script had been written by the highly respected Steven Hager, one of the first journalists to cover the rap and graffiti scenes for the New York Daily News and alternative papers like The Village Voice, East Village Eye and the Soho News. Hager made explicit what most other journalists had not, that the sub-cultures of b-boying, rap and graffiti were related.»

CHANG, Jeff, Can’t Stop, Won’t Stop: A History of Hip Hop Generation, New York, Picador, 2005

Surgiram depois mais filmes, como o Rappin’ ou o Krush Groove, ambos de 1985. Todos estes filmes, em conjunto, permitem perceber o quanto o Hip Hop cresceu em tão pouco tempo. Se o Hip Hop saiu do ghetto e começou a “subir a montanha” por volta de 1979, façam lá as contas: passados seis anos temos mais de seis filmes sobre a cultura, muitos deles no mesmo ano. Algo que nem hoje, com uma indústria multimilionária, se verifica. E isto falando de filmes, porque se falarmos de documentários, que também estão na lista da Wikipedia, também saíram bastantes desde há uma ou duas décadas para cá.

Mas voltando aos filmes, entretanto saíram alguns que misturavam uma ou outra das suas vertentes com outro assunto, como misturar o rap com o breakdance. Dois exemplos: Above The Rim (1994), com participação do Tupac, e Sunset Park (1996), em que aparece Fredro Starr (dos Onyx, que, já agora, lançaram um novo álbum em 2008). Também não vi nenhum destes.
Vi sim os que vou dizer a seguir: Save The Last Dance (2001), um filme que mistura o breakdance com outros tipos de dança (não é excelente, mas também não é mau) e Paid In Full (2002). Este último é uma produção da Roc-A-Fella Films (não é preciso dizer o que é), tem a participação do Cam’ron e retrata o impacto que o crack teve nos ghettos de Nova Iorque, especialmente no Harlem em que a história (baseada em factos verídicos) se passa. Não há um relacionamento directo entre este filme e o Hip Hop, mas este acaba por estar sempre como “pano de fundo”. Na verdade, o filme é bastante sobre hustlers e o drug game que decorria na altura (nos anos ‘80).

Ainda em 2002 saiu o State Property e o 8 Mile (parece que foi ontem). Pessoalmente, não acho um grande filme, até porque se centra muito no seu protagonista e faz-me lembrar a hipocrisia do Eminem. Ainda assim, sempre se aprende alguma coisa. Em 2005 apareceu o filme do 50 Cent, Get Rich or Die Tryin’, sobre a vida do rapper norte-americano.

E finalmente, apareceu o Notorious este ano, de que vou falar num próximo post, pois já vi, com uma qualidade de merda, e tem muito por onde se lhe pegue. Se houve algum filme de que não falei e que gostavam de ver aqui, lembrem-me, pois mais vale tarde do que nunca.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom post!
Acho que só vi '8 mile' e o 'Paid in full'. O primeiro considero um retrato muito interessante das battles e freestyles. Como protagonista acho que o Eminem esteve muito bem.
O segundo é como tu dizes, não está directamente ligado ao hip hop, mas sobretudo ao puro ambiente do gueto de Harlem. E se fala-mos de puro, falamos de crack. Um filme razoável.

Aproveito pra agradecer as palavras simpáticas que nos deixaste no blog ;)

abraço!

Druco disse...

Infelizmente, também não vi a maior parte desses filmes que referiste. A ver se brevemente consigo colmatar esta falha imperdoável. Tenho bastante curiosidade sobretudo pelos filmes mais antigos.

Obrigado pelas palavras lá no blog. Todo o "feedback" é importante para conseguirmos evoluir com o projecto.

Continuação de um grande trabalho para ti também!

Abraço.

o/