Não criei este tópico porque é a minha faixa preferida da colectânea “Poesia Urbana” (OK, está bem, também gosto da do Valete) mas sim porque veio de um outro assunto em que estive a matutar e que considero ambos importantes. Pois bem, vou começar pelo original (sempre!).
COMECEI A GOSTAR DE MÚSICA TARDE E A MÁS HORAS, achava que nunca seria uma coisa assim tão maravilhosa como faziam querer. Comecei com a música que o meu irmão ouvia, e, pela primeira vez na história de alguém que se deixa guiar pelos outros, foi isso que me salvou.
Não sei quantos de vocês começaram a ouvir hip hop antes de 2003/2004 (antes de entrar na moda) mas se não, arrependam-se! Eu comecei por volta de 2001, talvez... («...2001, tipo houve um ‘bum!’/nessa altura o rap já era um música comum» - Xeg in “Remisturas vol.1”) às vezes os melhores momentos são os mais difíceis de localizar no tempo. Gosto muito de relembrar esse tempo (que na realidade está tão perto, só esta moda horrível é que o torna longuínquo), por isso imagino o que será para os MC’s da old school reviver os seus anos noventa. Não havia hip hop nas telenovelas, aliás (bons tempos) havia menos telenovelas nessa altura, acho eu (desmintam-me se estou errado, mas também concordo que mesmo assim em demasia). Os primeiro sons que ouvi (confissão: eram copiados porque não se vendia hip hop em Braga, só havia Vadeca e pouco mais) foram Entre(tanto), do Sam The Kid, o primeiro do Guardiões de Subsolo, a colectânea “2º Piso” do Cruzfader e dos Terrorismo Sónico, “A Verdade” e o “Sem Cerimónias” dos Mind Da Gap, e o grande Boss AC em “Manda Chuva”, um pouco de Micro mais tarde (lembro-me de ouvir pela primeira vez o “No Topo Do Mundo”), etc. Valete, MatoZoo e outros só mais tarde. Entretanto comecei a escrever as minhas rimas (tão parvas), em que me inspirei particularmente no primeiro álbum do Gabriel, o Pensador. O primeiro álbum que comprei foi aquele que menos gostei (sugestão do meu irmão): “Podes Fugir Mas Não Te Podes Esconder” dos Da Weasel com o tema tão passado “Tás Na Boa” (foi mesmo azar, pois também é o álbum deles que menos gosto). Foi uma compra tardia e só obrigado pela oferta de um checkdisc. De qualquer forma o meu irmão continuou a arranjar cópias de álbuns de hip hop (sempre teve menos escrúpulos no que toca a isso), pois já estávamos apanhados na sua teia (agora apanhados, só se for na Net).
Comprei Kacetado e Dupla Consciência e em breve chegamos a 2004 com o “Conhecimento” de Xeg e outros tantos (esse ano foi um pico em termos de variedade), comprei Bomberjack (Bomba Relógio), um bocado a arriscar as minhas poupanças, mas por causa disso tornei-me um grande admirador dele. Neste processo de crescimento e busca de informação só me lamento de me ter descurado dos estrangeiros, um fracasso de que me tento redimir agora. No entanto fui adquirindo gostos nacionais, mesmo nos mais desconhecidos com Beto (que, por acaso, disse Sam The Kid no dia 21 de Dezembro, em directo da Antena 3, está a preparar um álbum). O facto de não conhecer mais ninguém em Braga que gostasse de hip hop não me causava nenhum transtorno. Até chegar o “Baza Baza” (a crítica fica para o próximo tópico).
A “evolução” do Boss AC fez a indústria abrir os olhos para o potencial do género e libertou a euforia pindérica nas criancinhas que começavam a sustentar um novo estilo de vida, uma nova imagem, a Geração TV. Tenho consciência de que são pessoas da minha idade as mais activistas deste movimento ignorante e com valores distorcidos, o que não faz com que me queira incluir nela. Felizmente devo aos meus pais um agradecimento por me terem educado de modo a nunca ver telenovelas nem ser agarrado à televisão. Quando tinha menos de seis anos, e se calhar mesmo depois, já não sei, via a Rua Sésamo (Popas, Monstro das Bolachas, o qual me fazia fome, etc.) falada por 2caras, e só no final da escola primária surgiu os Power Rangers, Dragon Ball, etc. A explicação para o precipício que se impõe entre mim e os parolos da minha idade que vêem Morangos Com Açúcar é que, apesar de termos nascido numa época mais amena, fomos atingidos com uma monstruosidade de programas idiotas quando éramos crianças. E qual a fase da vida em que mais somos influenciados pela TV? Nem mais!
É incrível como conheço raparigas que admitem com um sorriso na boca que vêem todas as telenovelas de determinado canal ou nacionalidade. Ficar agarrado à TV o dia inteiro faz lembrar um filme de ficção científica: presos a uma cadeira, adormecidos, enquanto o nosso cérebro, ligado a máquinas, é repetidamente violado com mensagens e valores que os raptores nos querem fazer passar. Mais tarde, se essas pessoas se libertarem dos fios e saltarem da cadeia, vão lamentar terem-se deixado “seduzir” (será a palavra certa?) por ilusões perversas. Pior que os filhos, são os pais, que no filme estariam numa sala ao lado a observar a operação por uma janela espelhada, com um sorriso amarelo e um indiferença estúpida, como que a dizer: “Ela pediu-me tanto...”. Que se há-de fazer? A chave está na educação e mentalidade dos pais.
O primeiro assunto foi inspirado no facto de eu recentemente ter comprado a colectânea “Mixtape Files” do DJ Bomberjack e a reedição dos álbuns “Sobre(tudo)” e “Entre(tanto)” do Sam The Kid.
2caras (GproFam) – “Geração TV” in Poesia Urbana
5 comentários:
o hip hop nao é mais do que 1a reles imitação do PUNK!!!! PUNK é que é a verdadeira música de revolução e não essa treta a que chama hip hop.
e se quiserem levar a revolução ao estremo ouçam grunge!!!!! nirvana e pearl jam reinaram pra sempre acima desses MC's (merdosos do caraças!!!!).
Música boa necessita de um bom ouvinte... nem todos a podem compreender. Concordo que o Punk tem uma componente de "choque" que o pode aproximar do hip hop, mas falta-lhe bastante da parte interventiva, de crítica à sociedade a que os MCs nos vêm habituando.
Tens aqui bons textos e provas saber pensar por ti.Força nisto e continua a ser mais um resistente à anátema da actualidade!
oh pa eu sou de braga e controlava albuns de hip hop tuga na boa na altura k falas no texto.. tu é k n te soubest orientar.. na carbono aparecia la mt hht, na fnac do bragaparque era so pedir passado uma semana tava la.. etc..
nao tive cabeça pa ler ate ao fim onde falas do ac e n sei k, mas tens ai um bom texto.. olha k em braga ha mt pessoal k curte hip hop. es donde ja agr?
fica bem e continua com o blog
Yah tfc isso tb pode ser verdade eu conheço a Carbono à pouco tempo... Mas tb n costumo comprar lá as minhas cenas, ate à pouco tempo era nas FNACs do Porto, agora é na Daklub pk francamente acho que fica mais barato. Da me o teu endereço d email s puderes pois realmente n conheço ninguem que perceba mm de hip hop aqui em Braga...
Enviar um comentário