quinta-feira, 31 de maio de 2007

Cultura de Esperança

«Estão a ser criadas condições para acontecer algo de sério muito em breve»

Rui Miguel Abreu in “O Público (14 de Abril de 2002)

O momento crucial chegou em 2004. Correcção: o segundo momento crucial, dez anos depois do primeiro, que veio com a colectânea Rapública e a tão famosa expressão “não sabe nadar”. Numa reportagem d’ O Público, Vítor Belanciano escreveu que “eles acreditam tanto que apetece acreditar com eles”. Para além de uma cultura de resistência, de uma cultura de intervenção, de uma cultura urbana, Hip Hop é uma cultura de esperança. Acreditamos sem restrições, persistindo e mantendo viva a esperança até um dia atingirmos o nosso objectivo: mudar o que há a mudar. Na música, na sociedade, seja onde for. E não se pense que por sermos uma cultura não há divergências (também temos direito a elas). Cada um acredita nas suas perspectivas, com semelhanças aqui e ali, unidos sem ser preciso conhecermo-nos, lutamos para vermos cumpridos e aceitados os nossos princípios, mesmo que muitos dos nossos desejos sejam utópicos.

Apesar de estas duas vagas (uma delas ainda a decorrer) terem tido efeitos visíveis, continuamos sem ver os resultados das versões política e cultural do Hip Hop: não vemos grandes revoluções em Portugal, na música ou na atitude dos portugueses; não vemos grandes apostas das editoras noutros estilos de música nem apoio das pessoas em grupo mais originais. Muitos jovens renderam-se ao rap, mas existe ainda muitos preconceitos e hostilidade em relação a esta cultura (exemplo: a maneira como muitos encaram o graffiti). Apenas alguns indícios, como a mudança em 2004, podem sugerir-nos que um dia o movimento hip hop tuga marcará realmente Portugal.

É por isso que tenho orgulho no espírito que predomina, ainda que às vezes abalado, na versão portuguesa da cultura Hip Hop. Temos muitos nomes, muitos grupos, muitos artistas e não só, que fizeram muito por esta cultura. Uns só contribuiram no início mas não conseguiram aguentar, outros apareceram já depois da old school e, outros, não só suportaram o movimento no seu início, como o apoiaram e resistiram até agora, sem se deixarem corromper. É a esses que dedico este tópico. Obrigado!

«MC's de Portugal, chegou o momento crucial»

Líderes da Nova Mensagem - “O Rap é Uma Potência in Rapública (1994)

Para ver o resto do artigo, vejam no H2Tuga.

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